Entre Salvador e a Ilha de Itaparica, a Baía. Águas que guardam memórias ancestrais diaspóricas. Baía, que é de todos os santos, nkisis, voduns e egunguns. Histórias espiraladas em livro, “Jimú: Memória das Águas”, da escritora itaparicana Aislane Nobre. A publicação – escrita da oralidade familiar, dos olhos que escutam, dos ouvidos que sentem – será lançada em formato impresso no dia 13 de novembro, às 15h, no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (MAFRO/UFBA), na capital baiana.
A obra, que vem sendo distribuída gratuitamente nos eventos e instituições culturais e educacionais de cada cidade em que o livro já foi lançado – Ilha de Itaparica e o Povoado do Cruzeiro/Conceição de Feira. -, se baseia nas memórias familiares de Edith Nobre, inspiração para a personagem principal, a menina Jimú.
A narrativa, que oferece ao leitor uma imersão nas tradições religiosas afro-brasileiras – orixás e egunguns, foram escritas e ficcionadas pela também artista visual Aislane Nobre, sua sobrinha e, vez por outra, testemunha ocular dessas andanças. “As histórias de Jimú fazem parte de quem eu sou. Cresci ouvindo e vivenciando essas narrativas. A história da Blusa Bordô, por exemplo, aconteceu comigo; eu sou Ada, a sobrinha de Jimú. E, muitas vezes, sou Jimú’’, conta a escritora.
Aislane Nobre conta ainda que o culto a Egungun sempre trouxe um quê de magia para sua vida e a fez enxergar a vida e a morte de forma poética. “Meu avô Arivaldo B. Nobre, falecido em 1994, é Egungun do Omô Ilê Agboulá. Fomos iniciadas na casa fundada por meu tio-avô, Moacyr B. Nobre (Oguntosí), o Ilê Axé Ogun Alakayiê. Moacyr, em vida, tinha o cargo de Balogun do Omô Ilê Agboulá”, descreve Aislane Nobre,
Nascida na Ilha de Itaparica, Aislane é uma artista visual, escritora e candomblecista, cujas obras são profundamente influenciadas pela espiritualidade e tradição afro-brasileira. Atualmente realiza seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV-UFBA). Em sua atual pesquisa, intitulada “Ewás, uma poética da transformação: cor da pele e afetividade de uma família inter-racial no processo criativo contemporâneo”, investiga questões de cor e afetividade, utilizando como base a cosmovisão Yorubá.
Distribuição
Aislane lança o livro também em Paulo Afonso, em três datas diferentes, dias 18, 22 e 23 de novembro, ambos às 09h, no Colégio Democratico Quiteria Maria de Jesus, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA e no Instituto SER TÃO Cultural – Povoado Juá, respectivamente. Vale pontuar que, após os lançamentos, o livro será vendido no site www.universojimu.com.br.
Nesta reedição, revisada e ampliada, o livro conta com 22 textos e serão disponibilizados ainda 10 vídeos que narram algumas das histórias presentes no livro, que podem ser acessados no site oficial do projeto e no YouTube, com áudio e tradução em Libras, ampliando a experiência de leitura para um público mais inclusivo.
A edição conta com a apresentação de Juliana Piauí, o prefácio de Cléo Martins, diagramação de Thais Mota e Andréia Silva, capa e grafismos de Tassila Custodes, e ilustrações de Ludmila Mendes de A. Nobre, Nathália Nobre da Silva, Luiza da S. Nobre, Isabelle Mendes de A. Nobre, Maria Júlia Nobre da Paixão e Aislane Nobre e posfácio de Edith Nobre e Maisa Paulo.
O projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
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