O número de desaparecidos voltou a crescer no Rio de Janeiro e a população negra tem sido a mais afetada com isso. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a agosto de 2024, foram 4.025 casos de desaparecimento registrados nas delegacias do estado, uma média de 16 pessoas por dia.
Dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), mostram que a maioria dos desaparecidos é composta por homens. Cerca de 41% dessas vítimas são pardas, e a faixa etária mais atingida está entre 12 e 17 anos. Além disso, 59% dos desaparecimentos acontecem sem uma causa aparente.
Estes dados do Plid dialogam com um levantamento feito pelo próprio Ministério Público, que mostra que cerca de 5,5 mil corpos de vítimas de violência estão desaparecidos, e outros demais são enterrados como indigentes (não identificados), ou são identificados, mas as famílias não são informadas.
No entanto, apesar dos levantamentos de dados e das apurações feitas com essas informações, o número de pessoas assassinadas cujas famílias não sabem o paradeiro dos corpos ainda é incerto. Práticas criminosas como ocultação de cadáver e a subnotificação de óbitos que não chegam aos registros policiais são alguns dos motivos que corroboram para que seja mais difícil chegar a um número mais exato.
Contudo, os dados do Plid dão alguma dimensão do tamanho do problema: no banco de dados do programa, hoje constam 7.276 casos de desaparecimento no estado do Rio que foram localizados pelas autoridades, cerca de metade dos casos (3.623) não teve identificação.
Os 3.653 casos restantes foram identificados, mas não houve comunicação com as famílias. Conforme informações do MP-RJ, 75% desses casos foram originados de mortes violentas. Os números não são exatos porque vêm de informações que ainda estão em apuração ou de dados incompletos na origem, mas o levantamento indica que cerca de cinco mil e quinhentos corpos (5.467) vítimas de crimes continuam desaparecidos.
André Luiz Souza Cruz, gestor do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do Ministério Público do Rio de Janeiro, destaca que a obrigação que o estado tem de continuar procurando por uma pessoa desaparecida até que o corpo seja localizado.
“O estado terá obrigação de procurar até que seja localizado e é óbvio que investigações policiais podem chegar a um resultado que seja: ‘Olha o corpo infelizmente teve este destino’. Mas eu preciso comprovar pra família que este foi o destino daquela pessoa”, disse o gestor do Plid em entrevista ao G1.
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