De acordo com o relatório anual mais recente do Conselho Missionário Indigenista (Cimi), os casos de suicídios entre os povos indígenas aumentaram de 115, em 2022, para 180, em 2023. Os estados com os índices mais elevados foram Amazonas, com 66 registros, Mato Grosso do Sul, com 37, e Roraima, com 19.
Segundo os dados, a maioria dos suicídios foi cometida por homens, representando 69,4% dos casos, na faixa etária de 20 a 59 anos de idade. No entanto, também houve uma alta incidência entre os mais jovens. Em 2023, 59 indígenas com até 19 anos de idade cometeram suícidio, representando mais de um terço do total registrado no ano anterior.
Dessa forma, o estudo também destaca que os três estados com os maiores índices de suicídios entre indígenas — Amazonas, Mato Grosso do Sul e Roraima — não apenas lideram esses números há anos, mas também apresentam altos níveis de violência e vulnerabilidade social.
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Suicídio entre os indígenas é influenciado por diversas questões, revela pesquisa da Fiocruz
Um estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz e da Universidade de Harvard, divulgado em setembro de 2023, apontou que o suicídio indígena deve ser considerado um grave problema de saúde pública, frequentemente invisibilizado.
De acordo com um dos coautores do estudo, o epidemiologista Jesem Orellana, esse problema pode ser influenciado por questões contextuais e culturais, incluindo conflitos territoriais, crises sanitárias e racismo estrutural, além de questões de ordem econômica, política e psicológica.
Nesse sentido, a pesquisa também mostrou que a região Norte e Centro-Oeste, especificamente o estado do Amazonas e Mato Grosso do Sul, são os que apresentaram um aumento significativo nas taxas de suicídio entre as populações indígenas. O estudo demonstra que os povos indígenas mais vulneráveis ao suicídio residem nessas localidades.
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