A primeira dama do estado de São Paulo, Bia Doria, declarou em entrevista à socialite Val Marchiori que não se deve doar marmitas para pessoas em situação de rua porque elas “gostam de ficar na rua” e elas “têm que se conscientizar e sair dessa situação”.
“Mas olha, falando dos projetos sociais, algo muito importante é assim: as pessoas que estão na rua, não é correto você chegar lá na rua e dar marmita e dar porque a pessoa tem que se conscientizar que ela tem que sair da rua. Porque a rua hoje é um atrativo, a pessoa gosta de ficar na rua. Ela quer comida, quer roupa, quer ajuda, mas não quer ter responsabilidade”, afirma Bia Doria.
A declaração da mulher de Joao Doria (PSDB), um dos principais assuntos comentados no Twitter nesta sexta-feira (03), foi gravada dentro do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.
A entrevistadora do programa é a socialite Val Marchiori esta semana foi condenada a pagar R$ 30 mil por danos morais à cantora Ludmilla após dizer que o cabelo da cantora parecia um bombril. Val endossou a fala da primeira dama dizendo: “Eles não querem ter responsabilidade, todo mundo tem suas responsabilidades, nós temos. Se a gente não paga nossas contas vai pra cartório, e o povo fala. Hello”, e gargalhou.
Pedido de desculpas
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação do governo estadual esclarece que a fala de Bia “foi tirada do contexto” e diz que a intenção dela “é que as pessoas em situação de rua tenham acesso aos abrigos públicos, onde terão alimentação de qualidade dentro das normas de higiene da Vigilância Sanitária, e uma condição de vida mais digna. Ou mesmo nos Restaurantes Bom Prato, que recentemente decretaram gratuidade aos moradores de rua.”
Em uma rede social, Bia Doria pediu ‘desculpas’ horas depois do vídeo ser divulgado. “Peço desculpas se a maneira como falei deu a entender que não devemos amparar quem vive na vulnerabilidade. Eu tenho a consciência tranquila, porque sei o que faço todos os dias pelos mais carentes.”
Após a repercussão do caso, a deputada estadual Beth Sahão (PT) convidou Bia Doria a prestar esclarecimentos na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Perfil de pessoa em situação de rua na cidade de São Paulo é homem e negro
Este ano a população de rua na cidade de São Paulo aumentou, chegou a 24.344 pessoas e é composta, majoritariamente, por homens (85% do total) e negros (70%), segundo o Censo da População em Situação de Rua divulgado hoje pela prefeitura. Este número é 60% superior ao identificado no censo de 2015 (15,9 mil).
DE acordo com o Censo, essas pessoas afirmam que acabam nas ruas por diferentes razões como morte de parentes, brigas entre familiares (50%), problemas de saúde (5%), como depressão, dependência de drogas (33%), perda de moradia (13%) e falta de trabalho (13%).