Mortes de crianças indígenas é mais que o dobro do restante da população infantil

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A taxa de mortalidade de crianças indígenas de até quatro ano no Brasil é mais que o dobro das não indígenas. O relatório final conduzido pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) expõe uma realidade preocupante, o estudo foi realizado entre 2018 e 2022, e chama atenção para o alto índice de mortes.

Só em 2022, para cada mil nascidos vivos entre os indígenas, 34,7 crianças com até quatro anos de idade faleceram. Essa taxa é 2,44 vezes maior do que a registrada entre as outras crianças. O estudo, intitulado “Desigualdades em saúde de crianças indígenas”, é o 12º de uma série que aborda questões relacionadas ao desenvolvimento na primeira infância.

A situação fica mais grave quando é feito o recorte pelas mortes neonatais ou seja, antes dos 27 dias de vida. Em 2018, a taxa de mortalidade neonatal entre os indígenas foi de 14,7 por mil nascidos vivos, significativamente superior à taxa de 7,9 por mil observada entre as crianças não indígenas. 

O estudo aponta que as causas mais frequentes de mortalidade de crianças indígenas são doenças evitáveis. Enquanto quase 70% das mortes entre não indígenas estão ligadas a complicações decorrentes da gestação, parto ou má formação, na população indígena esse percentual fica em 40%. 

Integrante do Comitê Científico do NCPI e responsável por coordenar o estudo, Marcia Machado, falou sobre o mapeamento. “O Brasil é um país diverso e de múltiplas infâncias. Mapear como as crianças indígenas vivem hoje e entender quais os principais gargalos para que elas possam se desenvolver plenamente contribui para a elaboração de políticas públicas efetivas”.

Um dos motivos que explica o índice de mortalidade de indígenas é o número insuficiente de profissionais de saúde e a alta rotatividade nas comunidades tradicionais. Isso se dá, em parte, pelas longas distâncias percorridas para a realização de atendimentos.

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