O Império Serrano anunciou a volta de Quitéria Chagas ao posto de rainha de bateria para o carnaval de 2025. O anuncio foi feito nesta sexta-feira (07) através do Instagram do Reizinho de Madureira como é conhecido o Império. O cargo vinha sendo ocupado por Darlin Ferrattry, mãe da cantora de funk Lexa, que foi rainha por quatro anos.
Em exclusiva ao Notícia Preta, Quitéria abriu seu coração, revelou que está escrevendo um livro com Helena Theodoro, disse estar extremamente agradecida a comunidade e a presidência da escola. Ela também contou as barreiras que enfrentou no seu início no Império Serrano, quando começou a ser rainha a minoria das mulheres nesse cargo eram mulheres negras e ela teve de enfrentar muita coisa.
Segundo ela, na época ela conseguiu uma projeção maior pois havia sido bailarina e fez parte das vinhetas de carnaval da rede Globo, e isso trouxe visibilidade para sua carreira, mas na época as passistas não eram muito entrevistadas. Ela revelou que tentou “dar voz aquele corpo”.
“Havia só uma exposição, uma banalização desse corpo e com tempo eu fui estudando enredo, falando com a velha guarda e consegui dar voz ao meu corpo, nas entrevistas antes do jornalista me entrevistar eu já demonstrava conhecimento sobre a história da escola, sobre o enredo, justamente para não ficar só nas pautas do corpo“, disse.
Ela revelou que conforme foi sendo entrevistada e sempre falava de outros os assuntos era questionada e chegou a ouvir que falava demais: “Você fala muito, as pessoas pretas não falam tanto assim, você estudou? Veio da onde? Você é uma preta diferenciada, diferente”, disse ter ouvido de jornalistas, mas sustentou a pressão por entender que se tratava de um movimento maior do que ela.
A sambista também foi pioneira na luta contra a comercialização do cargo de rainha de bateria, ela revela que chegaram cobrar para que ela desfilasse como rainha na época e ela fez uma campanha contra, mas ela comemora e entende que hoje com a militância das mulheres negras o samba está em outra correlação de forças.
“O movimento negro ganhou muita força durante a pandemia, algumas pessoas passaram a se questionar mais, por exemplo a Mayara Lima virou a chave e sempre fala que sou referência dela isso me emociona muito, ela sempre coloca no Instagram dela e fala na imprensa… e hoje podemos ver que a maioria das rainhas novamente são mulheres negras”, disse.
De volta ao posto, veremos novamente o samba no pé malandreado característico de Quitéria, a geração que não viu, terá a chance de ver o riscado, a tesoura, a costura entre outros passos de dança, “que os antigos passistas faziam, a famosa malandragem”, diz ela falando sobre o samba que se fazia na década de 1960.
Quitéria Chagas tem uma longa trajetória na verde e branco de Madureira, a modelo ganhou espaço em 2004 na reedição do enredo “Aquarela Brasileira” , mas em 2006 se tornou rainha de bateria. A sambista deixou o cargo em 2020, Mas está de volta!
“FIM DO MISTÉRIO! É ELA! Quitéria Chagas está de volta ao posto de rainha de bateria do Império Serrano! Com DNA verde e branco, ela construiu uma linda história junto ao Reizinho de Madureira e retoma ao cargo que estreou no Carnaval de 2006. Seu último desfile como rainha de bateria foi em 2020…A família imperiana te abraça, rainha! Brilhe mais uma vez à frente da nossa bateria”, diz o anuncio da escola no Instagram da escola.
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