Indígenas Munduruku do Pará estão com altos níveis de mercúrio no corpo, aponta Fiocruz

IMG_1503.jpg

Em um estudo realizado pelos pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Arouca (ENSP), vinculada à  Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), revelou  que os povos  indígenas Munduruku estão com altos níveis de mercúrio no corpo.

A pesquisa analisou alguns peixes de seis Estados e dezessete municípios da região amazônica.  O resultado foi associado ao grande avanço das atividades dos garimpos ilegais na região. Inclusive, o estado do Pará  aparece em quinto lugar no que se refere às regiões mais afetadas pelas minas ilegais, com cerca de 15,8% de contaminação.

Indígenas Munduruku estão com altos níveis de mercúrio no corpo, apontam estudiosos da Fiocruz – Foto: Reprodução/ Adi Spezia

Os estudiosos da Fiocruz estão acompanhando cerca de 80 indígenas Munduruku, com intuito de alcançar respostas claras e científicas e colocando as crianças como prioridade. Um grupo de neuropediatras da USP e de Harvard estão analisando os casos. “A gente começou a notar assim, alguns sintomas de criança, com dificuldade de se movimentar, mobilidade, então, algumas doenças que vinham apresentando e a gente não sabia o que era”, relatou o cacique Jairo Saw Munduruku, em entrevista ao G1.

Na observação, a Fiocruz analisou amostras de cabelo dos povos tradicionais. Só em uma aldeia, pelo menos oito pessoas tinham níveis preocupantes de mercúrio no corpo. Alguns, o dobro, um deles o triplo do aceitável pela OMS.  As análises feitas pelo grupo de estudiosos, constatou que os peixes estavam contaminados e o povo Munduruku também.

De acordo com os dados, as mulheres estavam mais infectadas com o mercúrio. Um fator alarmante, pois algumas estavam amamentando e consequentemente contagiando suas crianças.  

Além disso, segundo o epidemiologista Paulo Basta, um dos coordenadores dessa pesquisa,  em relação às gestantes, os bebês  podem nascer com deformidades, com má formação congênita e com diferentes anomalias, podendo apresentar até paralisia cerebral.

De acordo com  levantamentos recentes, o Pará é o estado campeão de ilegalidades em minas de ouro, principalmente no entorno da terra indígena Munduruku. Em um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais e o Ministério Público Federal (MPF),  foi identificado que cerca de  5,4 toneladas de ouro é de origem ilegal (quase 18% do total é produzido pelo Estado do Pará) apenas nos municípios de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso, onde estão situadas as terras indígenas dos povos Munduruku e Kayapó.

Esse território tem  a segunda maior área de minas no país, conforme os dados de desmatamento e vegetação secundária ( MapBiomas). No ano passado, a Polícia Federal (PF) recebeu 320 alertas de minas ilegais dentro dessa terra indígena.

Os Munduruku estão situados em várias  regiões  e em diferentes  territórios brasileiros. No  Pará , eles residem no sudoeste, calhas e afluentes do rio Tapajós, nos municípios de Santarém, Itaituba e Jacareacanga.

Eles geralmente habitam em áreas com muitas florestas, às margens de rios navegáveis. Suas aldeias tradicionais são localizadas nos famosos “campos do Tapajós”, no interior da floresta amazônica. A população Munduruku concentra-se majoritariamente na Terra Indígena de mesmo nome, com a maioria das aldeias localizadas no rio Cururu, afluente do Tapajós.  

Leia também: Quilombolas denunciam obras em mineroduto  em Tomé-Açu (PA)

Aline Rocha

Aline Rocha

Aline Rocha é Graduada em Licenciatura em Linguagens e Códigos- Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Maranhão. Pós-Graduada em Linguagens, Suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho pela Universidade Federal do Piauí. É integrante do grupo de pesquisas: GEPEFop LAPESB- Laboratório de pesquisa Pierre Bourdieu: Análise sobre a prática pedagógica.Atuou como bolsista no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na qual ministrou aulas de Língua Portuguesa nas turmas do 6º ano e 9º ano, tanto na modalidade regular como na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Entre 2018 a 2020. Atuou como bolsista Capes no Programa Residência Pedagógica, em que ministrou aulas de Língua Portuguesa nas turmas do 9º ano, 1º ano e 3º ano do Ensino Médio, entre 2020 a 2022. Atuou como monitora voluntária na disciplina de Linguística Textual, na turma 2018, do curso de Linguagens e Códigos-Língua portuguesa, na Universidade Federal do Maranhão. Atualmente é Professora da Educação Básica e pesquisadora Antirracista.

Deixe uma resposta

scroll to top