Nesta terça-feira (19) a Câmara Municipal de São Paulo cassou o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante), após votação, com um placar de 47 votos pela perda do mandato, e 5 abstenções. O parlamentar foi cassado por quebra de decoro parlamentar ao ter um áudio vazado, no plenário da Casa, usando uma frase racista.
“Não lavar a calçada…é coisa de preto, né?”, disse o vereador, no episódio que aconteceu em maio de 2022. Nenhum vereador votou contra a cassação, que é a primeira na Câmara Municipal de São Paulo, em 24 anos, e a primeira da cidade a ser motivada por racismo.
Por conta da mesma fala, o vereador foi processado pelo Ministério Público, pelo crime de racismo, a pedido da vereadora Luana Alves (PSOL) – também autora do requerimento na Corregedoria que levou ao pedido de cassação do vereador. Mas Camilo foi absolvido das acusações em julho deste ano.
Durante a votação, a vereadora Luana Alves discursou sobre a fala vazada do deputado. “O quê que ‘coisa de preto’ significa? É uma ‘piada’ que trabalha com elemento narrativo de estereótipo que as pessoas negras fazem coisas erradas. Que as pessoas negras fazem coisas malfeitas […] Dizer para o povo que não há problema em falar uma frase racista, é dizer para o povo que as pessoas negras podem ser desrespeitadas“, disse.
Aos arredores da Casa, manifestantes se organizaram com frases contra o racismo, e dentro do plenário, grupos estenderam faixas com dizeres como “Fora Racista”.
Após o parlamentar se defender no plenário, dizendo que no seu gabinete, 60% dos funcionários são negros, seu advogado Ronaldo Andrade, também discursou a seu favor. “Que haja julgamento, que haja Justiça. Um negro que está defendendo o branco. Eu sei que não houve preconceito. Houve uma fala mal colocada, de mau gosto […] Eu estou com o Djonga: ‘Fogo nos racistas’. Eu sou contra o racismo, mas racismo. Não tirar do contexto uma frase mal colocada e taxar isso de racismo“, disse a defesa do vereador.
Camilo já deu duas versões sobre a fala vazada. A primeira, é de que falava sobre carros, e a segunda é de que falava com um amigo.
A Casa legislativa tem 55 membros, mas não votaram nem Cristófaro, nem a vereadora Luana Alves, e nem a vereadora Ely Teruel (Podemos), que não compareceu. Após a decisão da Câmara Municipal de São Paulo, Camilo será substituído pelo vereador suplente Adriano Santos, do PSB.
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