A Universidade Estadual Paulista (Unesp) anunciou a criação de uma turma especial de mestrado voltada a assentados da reforma agrária, acampados, quilombolas e pessoas ligadas à educação do campo. A iniciativa, prevista para começar em 2026, é resultado de uma parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), e prevê a oferta de 20 vagas no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe.
O convênio, publicado recentemente no Diário Oficial da União, contará com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e do Incra, além de contrapartida da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Unesp. O curso terá duração de 30 meses e será sediado no Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (IPPRI), em São Paulo.

De acordo com a coordenação do programa, o mestrado será estruturado em três linhas de pesquisa principais. Uma delas será voltada à formação de professores que atuam em escolas do campo; outra se dedicará ao estudo das relações entre campesinato e capitalismo; e a terceira articulará temas como agronomia, saúde e soberania alimentar, dialogando especialmente com áreas das ciências biológicas. Embora o título concedido seja de mestre em Geografia, o curso terá caráter interdisciplinar.
As atividades seguirão a pedagogia da alternância, metodologia que combina períodos presenciais de estudo com etapas realizadas nas comunidades de origem dos estudantes. As aulas presenciais ocorrerão nos meses de maio e novembro, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, e na sede do IPPRI-Unesp. Já as atividades comunitárias serão desenvolvidas nos territórios onde vivem os pós-graduandos, fortalecendo a relação entre formação acadêmica e realidade social.
LEIA TAMBÉM: MPF recomenda que Unirio repare déficit histórico de cotas raciais em concursos para docentes
Esta será a 13ª formação oferecida pela Unesp em parceria com o Pronera desde o final da década de 1990. Ao longo desse período, a universidade participou de iniciativas que vão da alfabetização de jovens e adultos à pós-graduação, incluindo cursos técnicos, de extensão, graduação e um mestrado realizado entre 2013 e 2015. A trajetória contribuiu para que a Unesp se tornasse sede da Cátedra Unesco de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial.
O ingresso no mestrado ocorrerá por meio de processo seletivo, com edital previsto para 2026. Os candidatos deverão apresentar projeto de pesquisa alinhado às diretrizes do programa. Segundo o Incra, a expectativa é formar profissionais capazes de contribuir com políticas públicas e ações voltadas ao desenvolvimento territorial e à sustentabilidade das comunidades do campo e quilombolas.









