Após três atos inaugurados a partir de uma parceria entre o Instituto Inhotim e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), o maior museu a céu aberto da América Latina inaugurou este mês, o último ato do Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, intitulado ‘Quarto Ato – O Quilombismo: Documentos de uma Militância Pan-Africanista‘.
A exposição que fecha esse ciclo, aborda a trajetória de Abdias em um aspecto mais íntimo, e seu legado como poeta, dramaturgo, ator, escritor, artista e político. Neste ato, o viés do quilombismo, conceito que permeia a vida e obra de Abdias, é evidenciado nas obras e documentos exibidos na Galeria Mata, no museu localizado no município de Brumadinho, em Minas gerais.
De acordo com o jornalista, pesquisador e co-curador da mostra Julio Menezes do Ipeafro, durante a inauguração da exposição, este quarto e último ato trata bastante do legado de Abdias, e que a parceria com Inhotim, representa a abertura de novas possibilidades.
“Se a gente não cumpriu tudo que a gente queria, a gente certamente abriu caminhos para que a gente pudesse discutir questões raciais no âmbito do museu. Então eu acho que essa parceria contribui para que isso seja levado para outras organizações museais. Não a experiência acabada, perfeita, mas uma experiência que ousou a começar, e a partir disso, pensar dentro do processo o que a gente poderia fazer para melhorar“.
O Quarto Ato finaliza o ciclo de exposições Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, que começou a partir de uma parceria entre o Ipeafro e Inhotim, em 2020. A primeira exposição ‘Primeiro Ato: Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra’ inaugurou em dezembro de 2021, depois ‘Segundo Ato: Dramas para negros e prólogo para brancos’ foi inaugurada em dezembro de 2022, e a última antes dessa, ‘Terceiro Ato: Sortilégio’ inaugurou em março deste ano.
Luana Vitra e a exposição “Giro”
Além na nova e última exposição de Abdias, Inhotim recebe também a artista Luana Vitra com a exposição “Giro”, na Galeria Marcenaria. A multiartista da cidade de Contagem (MG), usa o seu entorno como inspiração, e sua experiência com os materiais típicos do local que mora, que é uma cidade industrial, para montar a exposição.
A artista explica que os desenhos representam montanhas, e conta mais detalhes sobre um dos materiais usados nas obras. “Aqui a cerâmica é uma plataforma de giro. Então é um pouco de pensar que o desenho pode extrapolar essa plataforma do papel, e para mim, interessava pensar um desenho a partir do giro“.
Luana afirma que o seu trabalho nesta exposição, a partir das linhas e dos materiais usados, foram criados a partir de um estudo sobre a paisagem de modo geral, sobretudo de Minas Gerais, tanto de forma “natural”, conforme colocado por ela, mas também de forma “artificial” após os rompimentos das barragens nas cidades de Brumadinho e Mariana.
Os vasos de cerâmica foram feitos em parceria com Benedikt Wiertz do Ateliê Xakra, um artista de Brumadinho, e Alex Santana (Cerâmica Santana). Já as peças em cobre, foram produzidas por Aitam Camilo (ArteTude). Todos artistas de regiões próximas. Já as pedras, bastante presentes nas obras, são naturais de Inhotim.