O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai impor uma tarifa de 100% para todos os filmes produzidos fora do país. A decisão, publicada nesta segunda-feira (30) em sua conta na rede Truth Social, deve impactar países que recebem produções estrangeiras, incluindo o Brasil.
“Nosso negócio de cinema foi roubado dos Estados Unidos por outros países, assim como roubam doce de um bebê”, escreveu Trump. Segundo ele, estados como a Califórnia, principal polo da indústria de Hollywood, perderam espaço para produções internacionais devido à saída de estúdios em busca de menores custos e incentivos fiscais.

Embora não tenha explicado como a tarifa será aplicada, o presidente norte-americano afirmou que já havia autorizado em maio o Departamento do Comércio e o Escritório do Representante Comercial a estruturar a medida. Trump considera que os benefícios oferecidos por governos estrangeiros para atrair produções representam “uma ameaça à segurança nacional”.
Especialistas indicam que a medida tem como alvo a terceirização da produção feita por estúdios de Hollywood. Países como Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Hungria e Itália são há décadas utilizados como cenário e base de filmagens devido a incentivos fiscais e custos reduzidos. No Brasil, a política de cash rebate e a diversidade de cenários têm atraído produções internacionais, que agora podem ser impactadas pela medida.
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Segundo Andrew Pulver, editor de cinema do jornal The Guardian, a imposição da tarifa pode representar um duro golpe para a indústria cinematográfica global, uma vez que a internacionalização das produções faz parte da lógica econômica de Hollywood há mais de 30 anos.
O setor audiovisual americano já enfrenta dificuldades. De acordo com dados do FilmLA, órgão que regula a atividade em Los Angeles, as filmagens na cidade caíram em um terço na última década. A migração de reality shows para outros países e as greves recentes de atores e roteiristas contribuíram para a redução de cerca de 18 mil postos de trabalho em três anos.
Ao justificar a tarifa, Trump disse que “quer filmes feitos nos Estados Unidos novamente”. No entanto, não detalhou prazos ou mecanismos para aplicação da medida, o que gera incertezas sobre seus efeitos práticos no mercado internacional.