O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (26) que a África do Sul não será convidada para a cúpula do G20 de 2026, marcada para acontecer em Miami, e que o governo americano interromperá o envio de subsídios ao país africano. A justificativa apresentada por Trump se baseia em alegações de “genocídio” e abusos de direitos humanos contra fazendeiros brancos, conhecidos como Africâneres, acusações contestadas por especialistas e amplamente utilizadas por grupos de extrema direita como narrativa política.
Em publicação na rede Truth Social, Trump afirmou que os EUA boicotaram a cúpula do G20 realizada em Joanesburgo em 2025 porque o governo sul-africano teria falhado em “reconhecer ou abordar” esses supostos abusos. O anúncio segue uma série de tensões diplomáticas entre Washington e Pretória, que se intensificaram desde o início de 2025.

A presidência da África do Sul, comandada por Cyril Ramaphosa, classificou a decisão como “lamentável” e defendeu que a cúpula de 2025 foi considerada uma das mais bem-sucedidas do grupo. O governo sul-africano destacou que o país é membro fundador do G20 e reforçou que continuará participando como membro pleno, defendendo o multilateralismo e a cooperação internacional.
Para especialistas em relações internacionais, a medida representa mais um capítulo do uso político de acusações raciais distorcidas para justificar sanções e isolamentos diplomáticos. O discurso de “genocídio de brancos” é historicamente rejeitado por organizações de direitos humanos, que destacam que a violência rural na África do Sul atinge tanto trabalhadores negros quanto brancos, em um contexto marcado pelo legado do apartheid e profundas desigualdades sociais.
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Trump também afirmou que interromperá pagamentos e subsídios ao país, embora não tenha detalhado quais programas seriam afetados. Em fevereiro de 2025, o próprio governo americano já havia anunciado um corte semelhante, alegando que a África do Sul mantinha leis de terras discriminatórias contra fazendeiros brancos e criticando o apoio do país à denúncia de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça.
A decisão reacende debates globais sobre desinformação, racismo e o uso de narrativas coloniais para influenciar políticas externas, temas que impactam diretamente países do Sul Global e suas posições no cenário internacional.









