Fiscais resgataram cinco homens de trabalho análogo à escravidão, na organização do festival de música Lollapalooza, que acontecerá no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. As vítimas, que têm entre 22 e 29 anos, trabalhavam 12 horas por dia carregando bebidas. Segundo depoimentos, os trabalhadores dormiam numa tenda, em cima de papelões para “vigiar” as mercadorias.
Em entrevista ao portal Repórter Brasil, um dos homens relatou que o grupo sofria ameaças. “Um dos chefes falou: ‘se você for pra casa, nem volta’. Um outro disse: ‘quem precisa [de dinheiro], fica [a noite toda no autódromo]”, afirmou a vítima.
Eles também informaram que a higiene pessoal era feita de maneira precária porque não podiam se ausentar na tenda, onde dormiam, por muito tempo. Para usar o banheiro, os trabalhadores precisavam andar até um alojamento fora do autódromo, destinado a alguns funcionários da Yellow Stripe, empresa terceirizada contratada pela organização do evento.
As vítimas não tinham vínculo empregatício com a empresa responsável pelo evento. Foto: Divulgação/ Lollapalooza
A Time 4 Fun, produtora do Lollapalooza, imitiu uma nota explicando que encerrou o contrato com a Yellow Stripe por descumprimento das normas.
“Diante desta constatação, a T4F encerrou imediatamente a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe e se certificou que todos os direitos dos 5 trabalhadores envolvidos fossem garantidos de acordo com as diretrizes dos auditores do Ministério do Trabalho. A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas”.
Conforme informado na nota, após o resgate, cada trabalhador recebeu R$ 10 mil de indenização. As duas empresas foram notificadas pelo Ministério Público do Trabalho.
Comunicado do Ministério Público do Trabalho em São Paulo
“O Ministério Público do Trabalho em São Pauloinforma que na noite de ontem, 22/3, abriu procedimento para investigar caso de trabalho degradante na preparação do Festival Lollapalooza.
Na tarde de hoje houve a primeira audiência com as partes envolvidas e amanhã haverá outra. O procurador oficiante espera formar convencimento a partir das provas e dos depoimentos para decidir o caminho da atuação.
O MPT ressalta que os trabalhadores resgatados pela fiscalização do Trabalho na noite de ontem já tiveram suas situações regularizadas e receberam as verbas rescisórias e horas extras em atuação da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego”.
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