No terceiro trimestre deste ano, sete em cada 10 trabalhadores brasileiros tinham uma renda média mensal de até dois salários mínimos, o equivalente a R$ 2.424, segundo um levantamento realizado pela LCA Consultores, publicado nesta quarta-feira (23).
O estudo, com base nos dados da Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela ainda que do total de 97 milhões de brasileiros ocupados, 67,19% receberam esse valor médio no último trimestre, chegando a mais de 65 milhões de pessoas.
Já as pessoas que ganham acima de dois salários mínimos, essa parcela chegou aos 32,8%, com 32 milhões de brasileiros nessa faixa de rendimento médio. Por outro lado, os brasileiros que vivem com apenas um salário mínimo chegaram aos 34 milhões de pessoas, totalizando 35,6%.
A análise do levantamento revela ainda que o rendimento médio do brasileiro continuou em queda no último trimestre e, para entrar ou retornar ao mercado de trabalho, os brasileiros vêm aceitando trabalhos com menor remuneração. “No geral, o trabalho ficou mais barato durante a pandemia. O mercado de trabalho brasileiro ainda ocioso e frágil contribui para baixos salários, porque há excesso de oferta de mão-de-obra muito barata”, aponta o documento.
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Os setores que mais apresentam queda nos rendimentos são os de alojamento e alimentação e serviços domésticos. Em alojamento e alimentação, houve uma queda de rendimentos de 12,5% e serviços domésticos a redução foi de 11,8%. “Foi o setor mais prejudicado pela pandemia e o último a se recuperar. Essa recuperação veio sobretudo via informalidade, algo já em elevado grau no setor”, afirma.
Um dos segmentos com menos oscilação foi o de agricultura, com 3,17% de queda e o relatório mostra que o motivo é a necessidade do produto/serviço no mercado como um todo. “Basta lembrar que quase 70% dos alimentos no Brasil vêm da agricultura familiar, constituída de pequenos produtores rurais, povos e comunidades tradicionais, assentados da reforma agrária, silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores”, conclui o documento.