Após enviar uma carta ao presidente Lula impondo tarifas de 50% na importação de produtos brasileiros, Donald Trump pediu a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), anunciou a medida oficialmente na última terça-feira (15) e desencadeou algumas especulações no mercado digital, visto que um dos alvos do governo Trump é o PIX.
O representante do USTR, Jamieson Greer alega no documento que vem monitorando práticas comerciais desleais que restringem acesso a exportadores americanos há décadas, no entanto, não foram apresentadas evidências concretas junto às falas do embaixador. A medida foi adotada de acordo com a seção 301 da lei de comércio de 1974 que trata justamente de práticas comerciais estrangeiras frente aos EUA.
Na prática, essa legislação é uma espécie de proteção utilizada pelos americanos para pressionar países que no entendimento do governo possam vir a adotar práticas comerciais abusivas e já foi usado em outras ocasiões, como em 2019, por exemplo quando sanções parecidas foram aplicadas contra a China.

Pix na Mira
Diversos pontos foram colocados como alvo das investigações por parte dos americanos, dentre eles, o item que mais chamou atenção do mercado brasileiro foi o comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, que de acordo com o documento, o Brasil teoricamente estaria prejudicando a competitividade de empresas americanas no setor. Embora o Pix não tenha sido citado diretamente, essa forma de transação financeira é a única utilizada pelo governo com esses moldes.
“O Brasil parece se envolver em uma série de práticas desleais em relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”. pontuou o USTR em documento.
Especialistas atribuem a “preocupação” do governo Trump acerca do PIX, ao fato do sucesso do sistema de pagamentos desenvolvido pelo Banco Central e isso estaria sendo visto como uma ameaça pelos americanos. Outro fator determinante é a discussão do Brics sobre alternativas de negociações comerciais sem o uso do dólar; e visto que o PIX tem um custo baixo paras as empresas, representa riscos iminentes à grandes operadoras d e cartão, podendo levar a moeda americana a perder sua dominância nesta parcela do comércio global.
Um fato que ajuda a explicar a caçada americana ao PIX, se observa ao ver que Trump já anunciou publicamente que pretende taxar em 10% os países integrantes do Brics e que é contra a criação da moeda alternativa, pauta que ganhou força nas discussões do grupo e que é tratada pelo governo brasileiro como prioridade.
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