No último domingo (23) uma mulher de 39 anos foi presa por suspeita de cometer o crime de injúria racial e lesão corporal contra o gerente operacional da companhia aérea Azul, no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Segundo a Azul, ela teria se exaltado após ser retirada de um voo, por apresentar sinais de embriaguez.
Segundo a polícia, a mulher tentou agredir o gerente e proferiu diversas ofensas contra ele como “macaco”, “preto”, “vagabundo”. Ainda disse a seguinte frase: “Você precisa desse ’empreguinho’ pra mostrar serviço, babaca, você está feliz por ter desembarcado uma patricinha do avião”. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a suspeita foi conduzida autuada em flagrante pelos crimes de injúria, perturbação do trabalho ou do sossego alheio, desacato e vias de fatos.
“Ela foi encaminhada ao sistema prisional, e segue à disposição da Justiça“, informou a PCMG, em nota. Conforme o registro policial, a mulher teria tropeçado ao embarcar na aeronave, o que levantou a suspeita de que poderia estar alcoolizada. A vítima então a abordou para perguntar se ela precisava de algo e a convidou a se retirar do avião. Em seguida as ofensas começaram.
Em nota, a Azul informou que a cliente que estava em um voo que saiu de Natal, no Rio Grande do Norte, em direação a Belo Horizonte (MG), e foi conduzida junto a outros envolvidos para a delegacia para registrar depoimento e conduzir a apuração do caso, e informou em nota que “repudia veemente qualquer tipo de ofensa ou agressão aos Clientes e seus Tripulantes, sendo certo que serão adotadas as medidas cabíveis“.
De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.
Segundo levantamento da startup JusRacial, em 2023 havia 176 mil processos por racismo. A pesquisa foi realizada a partir das páginas oficiais dos tribunais durante todo ano, contando processos concluídos ou em andamento. O relatório revelou um aumento de nada menos que 17.000% nos processos por racismo nos tribunais brasileiros na comparação com 2009, quando foi feita comparação semelhante.
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