O Sarau da Onça é um coletivo que desenvolve ações culturais, educacionais e de formação para jovens soteropolitanos. O projeto surgiu em 2011, no bairro de Sussuarana, periferia de Salvador e tem objetivo de mudar a forma como o bairro é visto pelas mídias, pessoas e principalmente pelas autoridades.
O projeto foi idealizado por Sandro Sussuarana, Evanilson Alves, Maiara Guedes e Omael Vieira. Para Sandro, poeta, escritor e educador, o grupo se mobilizou para reivindicar atenção do poder público.
O bairro de Sussuarana fica no centro da península soteropolitana, próximo ao Centro Administrativo da Bahia, mas é comumente reconhecido apenas pela violência que foi externalizada nos jornais. Assim, os integrantes do projeto trabalharam com a questão da identidade e autoestima dos jovens que moravam na região. “Se eles não vêm aqui para mostrar, nós nos faremos ser vistos e respeitados”, ressalta Sandro.
“Existem muitas pessoas que no decorrer da participação e contribuições no Sarau, foram se transformando no seu dia-a-dia, descobrindo seus talentos e aprendendo que eles poderiam ser tudo aquilo que eles quisessem. Nós que apresentamos e produzimos, somos diariamente transformado por cada pessoa que vai aos eventos e que nos fazem continuar acreditando nessa transformação através da arte, da Poesia. Cito William, por exemplo, que começou ainda menino a frequentar o Sarau da Onça e fazer parte do Grupo Recital Ágape. Ao longo do tempo, aquele jovem foi se descobrindo além de poeta, um ótimo desenhista e hoje tem um estúdio de tatuagem, um dos mais conceituados e premiados da Bahia, que é o Studio Urbano Tattoo”, completou o poeta.
Com quase 8 anos de projeto, o Sarau da Onça possui também outras ações como o Slam da Onça, o Festival de Arte e Cultura e o Concurso Literário do Sarau da Onça. Com 2 livros publicados e o 3° a ser lançado no próximo dia 11 de maio, o Sarau busca potencializar os talentos escondidos nos bairros periféricos da cidade. A seleção dos textos acontece através de um edital que possibilita ampla adesão de todos na sociedade, inclusive os próprios jovens que dão vida ao projeto.
Sandro Sussuarana revela que com o tempo os jovens entenderam que o Sarau é um espaço da comunidade, um local de fortalecimento. “No começo foi meio difícil fazer isso, por conta da comunidade não saber e não entender o que um Sarau era capaz de fazer. A medida em que eles foram se permitindo viver isto foram compreendendo e hoje, o Sarau acontece porque eles fazem acontecer”, conta.
O projeto enfrenta dificuldades financeiras, uma vez que os escritores e poetas atuam de forma voluntária. Outra questão que preocupa o grupo é a estrutura, pois o bairro não possui um espaço cultural. Os Saraus são realizados no Centro de Pastoral Afro (Cenpah), mas o coletivo precisa de aprovação prévia. “Temos liberdade nos espaço, porém não temos tanta autonomia para executar todas as ações que gostaríamos”, comentou o Sandro Sussuarana.