Em média, foram registrados cinco tiroteios por dia ao longo do ano
O relatório anual do Instituto Fogo Cruzado mostrou que em 2023 foram contabilizados 1.804 tiroteios e/ou disparos de arma de fogo em Salvador, na Bahia, e na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Em média, o documento aponta que a média representa cinco tiroteios por dia ao longo do ano. O estudo foi lançado nesta segunda-feira (29).
O mapeamento da violência do Instituto Fogo Cruzado na capital baiana e na região metropolitana acontece desde julho de 2022, e reforça a tese de que o Estado tem uma das polícias que mais mata no Brasil. Entre os dados que mais chamam atenção é, o de que as chacinas policiais na região
● A cada três tiroteios mapeados em 2023, um ocorreu com participação policial.
● Dos 1.783 baleados, 36% foram atingidos em ações e operações policiais.
● Chacinas policiais em Salvador e RMS superam os índices do Rio de Janeiro.
Ao longo do período, 37% dos tiroteios mapeados ao longo do ano aconteceram durante ações e operações policiais – 659 registros. A cada três tiroteios mapeados em 2023, um ocorreu com a participação policial. Dentre os tiroteios mapeados no ano, 74% deles resultaram em mortos e/ou feridos. Ao todo, 1.783 pessoas foram baleadas em Salvador e RMS. 1.413 foram mortas e 370 ficaram feridas.
Entre os 1.783 baleados, 639 foram atingidos em ações e operações policiais, indicando que 36% dos baleados foram atingidos nestas circunstâncias: destes 639, 529 morreram e 110 ficaram feridos. Dos 1.413 mortos no ano, 190 foram vitimados nas 48 chacinas que ocorreram em Salvador e região metropolitana em 2023.
Entre as chacinas mapeadas, 69% delas (33) foram durante ações ou operações policiais, deixando 136 civis mortos —representando 72% dos mortos em chacinas registrados no ano. Houve ainda 120 tiroteios durante perseguições na região metropolitana que resultaram em 111 pessoas baleadas. Deste número, 90% das perseguições (108) ocorreram em ações policiais que deixaram 97 baleados.
A coordenadora do Instituto Fogo Cruzado, Tailane Muniz, falou sobre a situação da violência tanto na capital, quanto nos municípios próximos.
“Os elevados índices acontecem em um momento de crise na segurança pública do estado. A população está constantemente na linha de tiro e o governo parece não querer fazer muita coisa para solucionar. Os dados do Fogo Cruzado são fundamentais porque servem de insumo para a população pressionar as autoridades por políticas públicas específicas, que garantam direitos como dignidade e segurança”, disse.
Entre os municípios que fazem parte da região metropolitana, Salvador foi o mais impactado pela violência armada, concentrando 72% dos tiroteios, 69% dos mortos e 73% dos feridos mapeados em 2023. Foram 1.306 tiroteios, 972 mortos e 270 feridos. Em seguida está Camaçari com 196 tiroteios, 185 mortos e 52 feridos, e depois Lauro de Freitas: 73 tiroteios, 48 mortos e 16 feridos.
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