Saiba quem foi Adhemar Ferreira da Silva, a grande lenda do esporte olímpico brasileiro

Adhemar Ferreira

Adhemar Ferreira da Silva, considerado o maior atleta olímpico brasileiro pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), é uma verdadeira lenda do esporte mundial. Nascido em 29 de setembro de 1927, em São Paulo, filho único de um ferroviário e uma cozinheira, Adhemar não apenas brilhou nas pistas de atletismo, mas também se destacou em outras áreas da cultura, da diplomacia e das artes, deixando um legado que transcende o mundo do esporte.

Adhemar entrou para o mundo do atletismo aos 18 anos, quando aceitou o convite de um amigo para visitar a pista do São Paulo Futebol Clube. Sem muita experiência, impressionou a todos ao saltar 12,90 metros, o que foi apenas o início de sua trajetória de conquistas. Sob a orientação do treinador alemão Dietrich Gerner, Adhemar se especializou no salto triplo e logo se tornou um dos principais nomes da modalidade, alcançando recordes que o tornaram conhecido mundialmente.

Adhemar Ferreira
Adhemar Ferreira da Silva é o único brasileiro presente no Hall da Fama do Atletismo / Foto: Acervo Familiar

Aos 19 anos, ele venceu sua primeira grande competição, o Troféu Brasil, com um salto de 13,05 metros. Esse marco foi apenas o começo de uma carreira repleta de vitórias e recordes. Sua consagração viria nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952, quando Adhemar se tornou o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha de ouro no salto triplo. Durante sua prova, ele bateu quatro vezes o recorde olímpico, saltando 16,22 metros, superando o recorde anterior por 21 centímetros. Ao final da prova, em agradecimento ao apoio do público, Adhemar correu ao redor do campo, inaugurando o que se tornaria a tradicional “volta olímpica”.

Adhemar repetiu o feito olímpico em 1956, nas Olimpíadas de Melbourne, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar duas medalhas de ouro consecutivas. No mesmo ano, com a marca de 16,35 metros, ele estabeleceu um novo recorde olímpico. Sua trajetória no esporte, no entanto, não se limitou aos Jogos Olímpicos. Ele também foi tricampeão pan-americano e obteve vitórias importantes em campeonatos sul-americanos, consolidando-se como uma das maiores figuras do atletismo mundial.

Além das vitórias esportivas, Adhemar também se destacou nas artes. Em 1956, participou como ator da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, e do filme Orfeu Negro, que conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Apesar do sucesso, Adhemar enfrentou desafios fora das pistas. Em 1953, ao ser punido pelo prefeito Jânio Quadros por se ausentar do trabalho para competir, ele perdeu seu emprego na Prefeitura de São Paulo após uma resposta firme contra a crítica do político. Isso, porém, não abalou sua carreira. Além de se dedicar ao atletismo, Adhemar estudou Direito, Relações Públicas e escultura, e trabalhou como comentarista esportivo. Durante os anos 1960, também exerceu o cargo de adido cultural na embaixada brasileira em Lagos, na Nigéria.

Adhemar se aposentou das competições em 1960, após conquistar uma medalha de ouro no Campeonato Luso-Brasileiro, em Lisboa. Sua despedida aconteceu em uma prova no Complexo Esportivo do Maracanã, no Rio de Janeiro, no mesmo ano em que a tuberculose o afastou dos Jogos Olímpicos de Roma. Mesmo sem mais competições olímpicas, sua influência no esporte e na cultura brasileira continuou a crescer.

Reconhecimento e legado

Adhemar Ferreira da Silva foi reconhecido mundialmente pelo seu legado. Em 2000, recebeu a Ordem do Mérito Olímpico, a maior condecoração do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 2012, foi imortalizado no Hall da Fama do atletismo, tornando-se o único brasileiro a ser homenageado pela World Athletics. E, em 2021, a World Athletics o homenageou com a placa do Patrimônio Mundial do Atletismo, em referência ao seu primeiro recorde mundial.

O nome de Adhemar consta no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria – Foto: Domínio Público

Em 2023, o presidente Lula sancionou a Lei 14.575, de 2023, inscrevendo o nome de Adhemar no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Seu nome também permanece vivo através do Troféu Adhemar Ferreira da Silva, criado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para premiar atletas que representem os valores que marcaram sua carreira: excelência técnica, respeito, esportividade e espírito coletivo.

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