O técnico Roger Machado é homenageado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul com a Medalha do Mérito Farroupilha, a maior honraria concedida pela Casa. O ex-jogador, atualmente treinador do Esporte Clube Bahia, vem se destacando pela luta contra o racismo no Brasil.
Em seu discurso, Roger ressaltou que o Brasil passa uma falsa impressão de democracia racial, mas que, na verdade, nunca editou leis segregacionistas, como nos Estados Unidos ou África do Sul. “O Brasil fez pior: adotou um modelo que nos torna invisíveis. Um país construído com uma mão de obra escravizada não pode ser considerado uma democracia. A democracia racial no Brasil é um mito. E o Brasil precisa parar de negar a existência do racismo se quiser, de fato, uma nação igualitária e democrática”, afirmou.
Ainda segundo Roger, o futebol é um meio para o combate do racismo, mas ainda precisa de muito diálogo para isso acontecer. “Chutar a bola para dentro da rede é só uma parte. A outra é política, como a arte de dialogar”.
Estatísticas
Durante a solenidade, o técnico reforçou a importância de uma reflexão racial no país, uma vez que mais de 54% da população brasileira é negra. “Se não há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que 70% da população carcerária é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os menores salários, entre negros e brancos, são para os negros?”, questionou.
Segundo o Atlas da Violência, publicado em junho deste ano, 75% das vítimas de homicídios são negras. Dentre os estados mais violentos contra os negros, destacam-se, negativamente, Rio Grande do Norte, com uma taxa de 87 mortos a cada 100 mil habitantes negros, Ceará (75,6), Pernambuco (73,2), Sergipe (68,8) e Alagoas (67,9).
Palavras interessantes! Política é diálogo! Conversar sobre racismo é esclarecer os fatos, numa tentativa de mudança!