Um levantamento realizado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP) revelou que o número de registros de casos de racismo no Rio de Janeiro aumentou 96% no primeiro semestre de 2021, se comparado ao mesmo período de 2019. Ao todo, foram registrados 82 vítimas em 2021 e, em 2019, foram 43.
Nos casos de injúria por preconceito, o crescimento foi de 17% no mesmo período. Esses registros incluem crimes contra raça, cor, religião, origem, pessoa idosa ou deficiente.
Para Djeff Amadeus, coordenador do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), esses números representam um avança para a comunidade negra. “Ser negro é um processo de descoberta, como ensinou Neusa Santos Souza. Então o aumento dos registros tem a ver com o fato de que a luta iniciada por nossos intelectuais negros e negras, e continuada por nós dos movimentos negros que viemos depois, tem tido êxito já que hoje a gente tendo orgulho da nossa cor, da nossa história, ancestralidade, não nos calaremos diante de qualquer ataque a nossa história”, comenta em entrevista ao Metrópoles.
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Importância do Registro
A advogada e vice-presidente do IDPN, Marcela Ortiz, lembra que o aumento nos registros é fruto de uma maior conscientização da população e a não naturalização de atos racistas. Ela lembrou também da importância dos registros. “A confiança nas instituições também é um ponto a ser levado em consideração. O estado do Rio é um dos poucos do país a ter uma delegacia dedicada a investigação dos crimes raciais e dos delitos de intolerância, que é a Decradi. É muito importante que se diga que a denúncia desses crimes é fundamental para que o poder público e a sociedade tenham a real noção do racismo no nosso estado”, afirma, também em entrevista ao Metrópoles.
Segundo o ISP, os dados de 2020 foram descartados devido a pandemia e as limitações impostas pela crise sanitária e os protocolos a serem cumpridos.