Aumento do uso de reconhecimento facial no Brasil e levanta debate sobre questões raciais

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A adoção de câmeras com tecnologia de reconhecimento facial e uso de inteligência artificial na segurança pública está se tornando cada vez mais comum entre os brasileiros. O uso recorrente, e as consequências para a população foram analisados pela equipe do Profissão Repórter da última terça-feira (22). Suas aplicações principais são em estádios, condomínios e vias de grandes metrópoles, prevendo um crescimento acima de 22% em 2025, em relação aos R$ 14 bilhões gastos em 2024, neste mercado.

A matéria fez uma visita a um laboratório da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para compreender o funcionamento desta tecnologia. Na prática, esse sistema compara imagens capturadas pelas câmeras com fotos em um banco de dados, avaliando características como a textura da pele, olhos e boca. No entanto, a precisão do reconhecimento nem sempre é confiável.

Câmera de segurança.
“É a segurança privada apoiando a segurança pública”,
explica Camila Ricci, diretora de inteligência artificial.
Foto: Freepik

 Além disso, é fundamental que o banco de dados esteja sempre atualizado com fotografias recentes para assegurar a exatidão. A Unicamp também investiga métodos para contornar o sistema, como a utilização de máscaras ou mudanças na aparência facial. “É uma guerra de gato e rato. Antes falsificavam cheques, agora tentam enganar a biometria”, comenta o pesquisador.

Desde que o Campeonato Brasileiro foi retomado, as equipes foram obrigadas a implementar o reconhecimento facial nas entradas dos estádios. Essa ação busca dificultar a atuação de cambistas e auxiliar a polícia na localização de fugitivos da lei.

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Nos condomínios, a inovação também progride. Em áreas como Perdizes, parte oeste de São Paulo, os residentes têm aprovado a colocação de câmeras direcionadas às vias públicas. O Profissão Repórter participou de uma reunião de moradores que aprovou a introdução do sistema, com um custo mensal variando de 500 a 1.500 reais, rateado entre os condôminos.

Apenas na cidade de São Paulo, o projeto Smart Sampa já incluiu em torno de 31 mil câmeras, 20 mil de uso público e 11 mil privadas, que estão conectadas ao sistema da administração municipal. Desde novembro do ano passado, aproximadamente 1,5 mil fugitivos foram detidos com apoio da tecnologia. O secretário de Segurança Urbana, Orlando Morando, esclarece que o sistema compara imagens em tempo real com um banco de dados da Secretaria de Segurança do Estado.

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Para que um alerta seja acionado, a semelhança entre as imagens deve ser de pelo menos 92%. O sistema já contribuiu na localização de 71 pessoas desaparecidas e resultou na prisão de mais de 2,7 mil indivíduos em flagrante.

Em uma das operações acompanhadas pelo Profissão Repórter, uma mulher procurada foi reconhecida enquanto trabalhava como vendedora ambulante no Brás. Ela foi abordada por guardas civis e levada à delegacia. De acordo com a polícia, ela tinha uma condenação por tráfico de drogas e ainda possuía cinco anos de pena a cumprir.

Púrpura Santana

Púrpura Santana

Púrpura é uma multiartista paraibana, escritora, atriz e roteirista, trás consigo um domínio peculiar sob as palavras.

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