“Racismo”: torcedores vascaínos protestam contra interdição do estádio São Januário

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Torcedores se manifestaram nas redes sociais contra decisão que interditou o estádio histórico do Vasco da Gama, o São Januário. Por conta da confusão dentro e fora do estádio durante a partida contra o Goiás em junho, pelo Campeonato Brasileiro, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu o time carioca.

Por dois meses o Vasco não pôde receber a torcida no estádio, na Zona Norte do Rio. Mas após dois meses, mesmo o time cumprindo com a decisão, a justiça mantém a punição, causando revolta entre os vascaínos. Após o juiz afirmar na justificativa para a decisão, que a comunidade da barreira do Vasco tem “estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas“, torcedores apontam racismo.

“São Januário interditado por racismo e elitismo”, escreveu torcedora. Outra internauta escreveu em uma postagem no X (antigo Twitter), que um dos motivos da interdição de São Januário é o racismo:

“Sabe o que é pior? Centenário dos camisas negras é essa semana. 100 anos depois, São Januário interditado por racismo e elitismo. Vasco impedido de usar um patrimônio publico. O preconceito e a politicagem de 100 anos atrás segue vivo e os personagens são os mesmos!”, protestou Yasmim.

Em 2023 completa 100 anos que o time de 1923, conhecido como “Camisas Negras” do Vasco, foi campeão do Campeonato Carioca com jogadores negros e operários no elenco, o que não era comum pelo fato do futebol ser um esporte da elite na época, e que chegou a ser proibido posteriormente, em 1924, com a criação da AMEA. O Vasco traz em sua história a luta contra o racismo.

Gustavo Câmara também postou no X e marcou a conta do prefeito Eduardo Paes.

“Já que o Eduardo Paes curte se meter em coisas que não são da sua alçada, poderia começar a fazer pressão na justiça pela liberação de São Januário. É absurdo uma praça desportiva da cidade estar fechada com argumentos que perpassam o racismo”, disse o torcedor.

Logo após a confusão dentro e no entorno de São Januário, em junho, o juiz de plantão do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, Marcelo Rubioli, enviou ao presidente do Tribunal de Justiça um pedido para que os fatos fossem enviados ao Ministério Público para apuração.

“Para contextualizar a total falta de condições de operação do local, partindo da área externa à interna, vê-se que todo o complexo é cercado pela comunidade da barreira do Vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio”, escreveu o juiz, que acrescentou:

“São ruas estreitas, sem área de escape, que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio”.

Em nota a Associação de Moradores da Barreira do Vasco (AMBV) – comunidade onde fica localizado o estádio-, se manifestou e explicou que os comerciantes locais tem perdido vendas sem os jogos no estádio.

“Somos punidos sem sermos ouvidos a partir de uma visão distorcida da realidade que trata da mesma forma todas as comunidades do Rio de Janeiro. Além disso, a AMBV entende que a interdição injustificada do estádio de São Januário causa prejuízos imediatos a todo o nosso comércio local, como bares, restaurantes, vendedores ambulantes localizados na nossa comunidade, pois todos tiram grande parte de seu sustento em dia de jogos em virtude do fluxo de mais de 20 mil torcedores por partida” protesta a associação.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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