O livro infantil “Quinzinho”, do escritor e historiador Luciano Ramos, teve sua obra atacada pela cabeleireira Ayala Moura nas redes sociais. O caso ocorreu na última terça (21) e, segundo a mulher, o livro “força barra” ao ensinar uma criança de seis anos o que é o racismo, questionando o cuidado paterno como inversão de papéis, e a neutralidade de gênero da linguagem.
Ela comenta que o livro teria vindo numa assinatura de obras infantis (“leiturinha”) e que os responsáveis não devem deixar seus filhos terem contato com obras que, de acordo com ela, estão vindo com “ideologias”.
“É um livro, é bonitinho… Eles vão pegando as nossas crianças pelo detalhe, é silencioso. Forçando a barra. A Sarah [filha da cabeleireira] nem sabe o que é o racismo com seis anos, ela nunca nem presenciou algo desse tipo. Por que eu deveria mostrar uma realidade distante da maturidade dela ainda?“, questiona a cabeleireira em vídeo.
Na sequência, Ayala posta recortes do livro , onde julga a utilização de pronomes neutros no prefácio escrito pela professora e consultora em relações etno-raciais e de gênero, Viviane Santiago.
Ela também circula partes da historia como quando o personagem pede para dormir com os pais e uma outra página onde mostra pai cuidando do filho. Neste último ponto, ela descreve como sendo uma “ inversão de papeis”, no que diz respeito a “funções” de mãe e pais na educação de uma criança.
Ela também cita a obra “Moradas”, feita por Marilda Castanhas e diz existir ideologias por trás da obra, mesmo sendo mais “sutil”, de acordo com ela.
Por fim, ela encerra dizendo que todas essas produções literárias fariam parte de um projeto progressista. “A agenda Progressista 2030 está a todo vapor E agora as pessoas estão prontas, ninguém vai questionar, ninguém vai ser cancelado, porque isso vem sendo trabalhado há muito tempo. É tudo normal. Só não enxerga quem não quer“.
De acordo com a assessoria do autor Luciano Ramos, ele e Viviane Santiago, já procuraram a delegacia de crimes da internet para formalizar a denúncia. A Editora Caqui, responsável pela obra, lamenta o ocorrido e está acompanhando o caso com o escritor.
Sobre o Livro Quinzinho
O livro Quinzinho conta a história de um menino preto de seis anos. O personagem pertence a uma família preta, onde o pai exerce muitas atividades de cuidados em relação a ele e por isso a obra acaba falando sobre uma paternidade participativa e amorosa.
Este menino volta para a escola após as férias e sofre racismo por parte de seus colegas brancos. A professora vai realizar uma peça teatral, ele se oferece para ser o príncipe e os colegas dizem que por ser preto ele não poderia ser. Ele fica muito mal por isso. Sai da escola com os olhos tristes. O pai percebe a tristeza do filho. Ele reluta, mas finalmente conta para o pai o que aconteceu.
Então, o pai dele conta histórias de homens negros que fizeram história no Brasil e no mundo. Desde o marinheiro João Cândido, passando por Milton Santos, Cartola, Obama até chegar a um homem negro que foi príncipe na história do Brasil, chamado Príncipe d’Ajudá.
O livro, publicado pela editora Caqui, é indicado para crianças de 5 a 12 anos.
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tudo bem ela não saber o que é racismo, mas tem que aprender deis de cedo que racismo é errado, qual é o problema exatamente da criança aprender que racismo é errado?