Os quilombolas de Nova Betel, comunidade situada em Tomé-Açu (PA), denunciaram obras feitas em um mineroduto da empresa de Mineração Paragominas, do grupo norueguês Norsk Hydro. Os moradores alegam que as ações da companhia estão atrapalhando e impedindo a circulação dos moradores, dos veículos e dos animais.
Em uma ação realizada pela Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA), foi solicitada a suspensão das atividades do mineroduto dentro da terra quilombola de Nova Betel. Minerodutos são dutos (tubulações) feitas para realizarem o transporte de minério, geralmente por longas distâncias, até o processamento final do produto.
De acordo com os relatos dos quilombolas, as atividades já duram aproximadamente um ano. Inclusive, esses trabalhos vêm afetando diariamente cerca de 80 famílias que residem nesta localidade. “Me sinto preso dentro do meu próprio território”, ressalta um morador que não quis se identificar.
Além disso, os residentes deste território também denunciaram o aparecimento de uma “substância branca” no igarapé Tira Saia, localizado na área da comunidade.
Aliás, quilombolas e indígenas de comunidades do Pará são diretamente afetados pelas ações de empresas multinacionais. A Norsk Hydro trava conflitos fundiários com outras comunidades nessa região há mais de duas décadas.
Em uma ação da Vara Agraria de Castanhal, também no Pará, foi apontada uma série de irregularidades no licenciamento ambiental concedido pelo Estado ao mineroduto mantido pela companhia de Mineração Paragominas S/A, membro do grupo Hydro, além de várias violações de direitos dos povos tradicionais.
Em setembro do ano passado, em decorrência da utilização de máquinas pesadas e de diversas escavações, um igarapé teve a proteção rompida, em Nova Betel. Diante desse cenário, os povos tradicionais dessas localidades sempre estão protestando, reivindicando os seus direitos e a proteção dessa área.
O Quilombo Nova Betel é composto por 80 famílias que realizam atividades agrárias, utilizando recursos naturais, visando a proteção do meio ambiente em uma região composta por cerca de 5 mil hectares. Além disso, a localidade possui espaços coletivos, escolas entre outros ambientes.
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Em nota, a Mineração Paragominas, “todas as atividades realizadas pela empresa são autorizadas pelos órgãos competentes e monitoradas por empresa com expertise ambiental”.
Além disso, a mineradora também disse que respeita os direitos das comunidades e “busca sempre o diálogo aberto e transparente para promover o desenvolvimento sustentável da região, assegurando o respeito à integridade e à dignidade das pessoas, bem como a preservação do meio ambiente local”.