Dirigido pelo coreógrafo Vinícius Rodrigues, “Quilombo” é uma performance que resgata ancestralidade, mas também traz a cultura da periferia atual. A apresentação será realizada no Centro Coreográfico do Rio, com três apresentações, sexta (21), sábado (22) e domingo (23), às 19h. O projeto também contará com uma oficina gratuita de Afro Dance no sábado, às 14h.
Durante o período colonial, os quilombos eram aldeias organizadas politicamente que refugiavam os escravos fugitivos, tornando-se um local de resistência e combate à escravidão. O tempo passou, mas como ressalta Vinícius “O quilombo não morreu, ele ainda existe em cada favela do Brasil”. E é neste quilombo sob o palco, que o elenco procura a força para lutar por igualdade e sobrevivência.
Bailarino e ator, Vinícius Rodrigues, o diretor do espetáculo, conheceu a dança quando tinha dez anos de idade, misturando passinho e danças urbanas. “Aos vinte e um anos eu comecei a dança afro e foi a partir daí que eu comecei a pesquisar sobre ancestralidade e a entender mais profundamente as minhas raízes. Fiquei muito encantado e fui em busca de outras referências afro, o que me tornou uma pessoa preta mais consciente no mundo em que vivemos”, ele conta, o que o impulsionou a tornar todas essas questões tão pertinentes em sua vida em arte.
Tendo como público alvo pessoas de bairros periféricos que não possuem acesso a dança contemporânea e também ao público geral, Vinícius diz que “eles podem esperar tudo, a peça fala sobre ancestralidade, fala sobre temas atuais que vem acontecendo, além de tudo é uma peça que também educa, com o propósito de fazer o público pensar”.
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Idealizado pela Cia Afro Black, também fundado por Vinicius Rodrigues em 2017, surgiu a partir da necessidade de atender a demanda crescente de jovens dançarinos moradores da região da Penha, situada no subúrbio do Rio de Janeiro, por espaços em que conseguissem desenvolver a sua arte. O objetivo da cia é ativar a memória acionada através da dança, com uma pesquisa sobre gestos, gostos, sonoridades e principalmente vivências individuais e coletivas dos jovens negros e periféricos.
A companhia realiza a fusão do funk, do passinho, da dança contemporânea e das danças afros, como o Afro House. As composições coreográficas têm como ponto de partida o cotidiano do jovem preto periférico e suas ancestralidades.
“A cia era composta por duas pessoas, logo após fui entendendo a proposta de ter mais pessoas dentro, não só apenas para dar mais oportunidades, mas para que cada um pudesse conquistar o seu lugar de protagonismo no palco”, o diretor ressalta.
“O espetáculo tem um ano que foi desenvolvido. Inicialmente, a peça tinha trinta e três minutos, mas então tivemos uma demanda para aumentá-la em menos de um mês. Sendo assim, junto com uma dramaturga, desenvolvemos ideias para crescer a peça. Em cinco dias felizmente conseguimos chegar a uma hora de espetáculo”, completa.
Com mais tempo no palco, o elenco inteiro, que conta com 9 bailarinos, terá a oportunidade de se destacar e dar o melhor de si. Esse espetáculo, além de ser sinônimo de resistência, também é um protesto contra a sociedade que insiste em discriminar e invisibilizar corpos pretos e periféricos. Sobre o palco, esses artistas se vêem finalmente livres para se expressar. O palco se torna por fim um lugar de refúgio, assim como o quilombo.
Este projeto conta com incentivo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.
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