Fonte: AFP
A Índia marcou nesta segunda-feira (15) o 75º aniversário de sua independência com um comício no qual o primeiro-ministro, Narendra Modi, defendeu o fim do “colonialismo” em todas as suas formas, em um discurso no histórico Forte Vermelho, em Nova Délhi.
Após uma salva de 21 morteiros fabricados localmente pela primeira vez sob a estratégia industrial ‘Make In India’ de Modi, o primeiro-ministro disse que os indianos deveriam se livrar do “colonialismo na mente e nos hábitos”.
“Centenas de anos de colonialismo restringiram nossos sentimentos, distorceram nossos pensamentos. Quando vemos a menor coisa relacionada ao colonialismo, dentro ou ao nosso redor, devemos nos livrar dela”, insistiu Modi em um discurso de 90 minutos no forte decorado com retratos de heróis da independência e guardado por elefantes mecânicos.
Modi afirmou que a Índia deve esmagar o “cupim” da corrupção e do nepotismo e seguir o mantra “India First”.
“A Índia autossuficiente é responsabilidade de cada cidadão, cada governo, cada unidade da sociedade”, disse ele.
“Devemos trabalhar juntos por uma ‘viksit bharat’ (Índia industrial avançada)”, pediu Modi.
“Chegou a hora de um federalismo competitivo cooperativo”, declarou o chefe de Governo, que defendeu “uma competição saudável entre os estados para progredir nos diferentes setores”.
A terceira maior economia da Ásia registrou um aumento significativo na atividade econômica no final de 2021, depois de sofrer a pior recessão desde a independência devido à crise sanitária da covid.
A “joia da coroa” do Império Britânico conquistou a independência em 1947, após dois séculos de ocupação e exploração colonial, com o Reino Unido em terríveis dificuldades financeiras ao final da Segunda Guerra Mundial.
A população da Índia cresceu exponencialmente, de 340 milhões de habitantes na época para 1,4 bilhão hoje e espera-se que na próxima década ultrapasse a China em número de pessoas.
Mas apesar de ter se tornado uma das maiores economias do mundo, milhões de pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza e o governo luta para criar empregos para sua enorme população.
As mulheres sofrem marginalização e altos níveis de violência sexual, enquanto o sistema hindu de castas, muitas vezes opressivo e inescapável, permanece em vigor em grande parte do país.
Quanto à religião, os fundadores da Índia independente se esforçaram para garantir a livre prática da fé, preservando a separação entre Estado e religião.
Porém, muitos, particularmente a minoria muçulmana de 200 milhões, temem pela perda desses ideais na Índia governada pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP) de Modi, um forte defensor da hegemonia hindu.