A Prefeitura de São Paulo pagou R$ 2,1 milhões ao Grupo Top, para que crianças e adolescentes tivessem um espaço do município durante os dias do desfile das escolas de samba no Carnaval, no Sambódromo do Anhembi. Porém, o dinheiro destinado ao grupo sob gestão de Ricardo Nunes (MDB), foi utilizado para a criação de um camarote open bar.
A acusação foi feita pelo ex-secretário municipal de Cultura em São Paulo, Nabil Bonduki, no último domingo (11). Ele afirma que vai entrar com uma solicitação para o Ministério Público investigar “esse e outros absurdos promovidos pela prefeitura na gestão do Carnaval”, segundo ele.
No bar do camarote tinha caipirinha, cerveja, gin, mojito, refrigerante, água e suco. O contrato também previu 25 ingressos por dia, sendo 100 ingressos no total, com cada um com R$ 350 de consumação por dia, e não cumulativo para os demais dias.
A empresa informa no pedido de licitação, segundo Nabil, que o público do projeto foi direcionado para crianças entre cinco e 13 anos de idade, da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA), e a partir de 14 anos, da Rede DaOra. Além disso, o projeto foi analisado e aprovado em três dias.
Neste carnaval em São Paulo, ao menos 129 blocos de rua cancelaram participação por falta de dinheiro. Por conta disso, a deputada federal, Erika Hilton (PSOL) usou sua conta no X (antigo Twitter), para expressar o descontentamento com a situação.
“A Prefeitura de SP, que se recusa à apoiar o Carnaval de Rua, gastou R$2,1 milhões em um camarote open bar PARA CRIANÇAS. O open de caipirinha, cerveja, gin e mojito foi contratado para uma atividade da Escola Municipal de Iniciação Artística, com crianças à partir de 5 anos”, declara a deputada federal.
Resposta da prefeitura de SP
O Notícia Preta entrou em contato com a Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo questionando a compra de bebidas alcoólicas para o camarote. Em nota, a secretaria informou que o Camarote da Cultura “foi uma iniciativa sociocultural que trouxe oportunidade para que alunos dos programas de formação tivessem a chance de cobrir os ensaios do Carnaval 2024 e dessa maneira, praticarem o que aprenderam na teoria durante os cursos“.
A secretaria também afirma que no evento, os menores de idade foram devidamente identificados e não puderam consumir bebidas alcoólicas. Assim, a prefeitura também nega a presença de estudantes, no espaço.
“É importante ressaltar que não houve a participação de alunos da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA) destinada ao público infantil, apenas de aprendizes dos programas de formação que contemplam jovens a partir de 19 anos“, diz trecho da nota, que completa:
“A SMC informa, ademais, que as orientações emitidas pelas áreas jurídicas e técnicas, conjuntamente, são consideradas na tomada de decisões, conforme preconiza a legislação brasileira. Neste sentido, todas as orientações jurídicas foram devidamente esclarecidas em manifestação técnica que conclui o processo“.
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