Prefeito do Rio revoga resolução que reconhecia práticas tradicionais de matriz africana como complementares ao SUS

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Na última segunda-feira (24), o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes publicou um decreto no Diário Oficial (nº 55824) que revogou uma Resolução Conjunta SMAC/SMS n° 02, de 18 de março de 2025, que reconhecia as tradições de origem e influência africana como práticas integrativas complementares ao Sistema Unico de Saúde (SUS) na cidade.

A resolução foi publicada em conjunto das Secretarias de Saúde e Meio Ambiente e Clima, considerando a Portaria Ministerial N° 992/2009, que institui o Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, e reconhecia ebós, banhos, chás, defumações, amacis e boris como práticas de cura e bem-estar. O decreto foi criticado por representantes de religiões de matriz africana.

Ervas sendo maceradas para fazer banho com ervas sagradas) /Foto: Reprodução Instagram da Mãe Celina de Xangô

Em resposta, a Presidência Nacional do Instituto Internacional Carta Magna da Umbanda (ICMU) repudiou a revogação, que classificou com o um “retrocesso na valorização das práticas de saúde ancestrais” no município, e “desconsiderando o reconhecimento dessas práticas como complementares pelo SUS, conforme estabelecido na Resolução n° 715/2123 do Conselho Nacional de Saúde (CNS)“.

Além disso, o Instituto critica o decreto por negar a legitimidade dos espaços sagrados como promotores de bem-estar e saúde, caracterizando a medida como racismo religioso e um retrocesso nas políticas de equidade“, disse a nota, que solicitou que a prefeitura volte atrás com o decretou, considerado por eles “um ataque às religiões de matriz africana e às suas práticas ancestrais de saúde“.

A medida revogada também estabelecia que Clínicas da Família, Centros de Saúde Escola e Centros Municipais de Saúde deveriam adotar diretrizes de atendimento que levem em consideração aspectos como preceitos religiosos, interdições alimentares e de vestimentas, e outros aspectos culturais específicos dessas comunidades, eliminando qualquer discriminação e preconceito institucional.

Leia também: No Rio, medicina ancestral de comunidades africanas é reconhecida como saúde complementar ao SUS

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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