Operação Tredo prende policiais do Rio suspeitos de repassar informações ao Comando Vermelho

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Rio de Janeiro - Policiais durante posse do coronel Luis Cláudio Laviano como comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) em solenidade no Batalhão de Polícia de Choque (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A Polícia Federal desencadeou nesta segunda-feira (08) a Operação Tredo, investigação que aponta a existência de um grupo de policiais militares do Rio de Janeiro que teria fornecido informações estratégicas ao Comando Vermelho. A suspeita é de que esses agentes avisavam, com antecedência, sobre ações policiais em comunidades, favorecendo a facção e colocando moradores em ainda maior vulnerabilidade diante da violência armada.

Foram emitidos onze mandados de prisão temporária e seis de busca e apreensão pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa. Entre os presos estão dois sargentos da PM. Um deles atuava no Bope, escalando equipes enviadas para operações, posição que teria facilitado o repasse de dados internos às lideranças do tráfico. Um terceiro investigado já havia sido preso em outra fase de apurações anteriores.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A investigação começou após o compartilhamento de informações da Operação Buzz Bomb, que revelou o envolvimento de um militar da Marinha responsável por operar drones utilizados pelo Comando Vermelho tanto para ataques quanto para vigiar movimentações policiais. A partir desse material, a PF identificou policiais que dialogavam com integrantes da facção para alertá-los sobre incursões, o que permitia reorganizar rotas, esconder armas e preparar resistências.

Os suspeitos responderão por crimes como organização criminosa, corrupção, tráfico de drogas, homicídio, violação de sigilo funcional e porte ilegal de armas. O nome da operação faz referência ao termo tredo, usado para designar traição e quebra de confiança.

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A Polícia Militar informou que abriu um procedimento interno para aprofundar a apuração administrativa e afirmou colaborar com as investigações. A corporação reforçou seu compromisso com a legalidade e com a responsabilização de agentes envolvidos em desvios de conduta.

Durante o cumprimento das ordens judiciais no Complexo da Penha, as equipes foram recebidas a tiros. Quatro moradores acabaram feridos por estilhaços, foram atendidos e já receberam alta. Para evitar que a situação se agravasse, a PF decidiu suspender temporariamente a ação naquela região.

O caso expõe mais um capítulo das tensões entre Estado, crime organizado e populações periféricas, que são as mais impactadas pela combinação de violência policial, atuação de facções e ausência de políticas de segurança-baseadas em direitos.

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