Além da quantidade de vidas perdidas com a crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19, o mundo, principalmente a América Latina, sofre de um outro mal: a crise social e econômica que atingiu os países mais vulneráveis.
Um levantamento realizado pela Comissão Econômica para a América Latina, América e Caribe (Cepal), publicado na quinta-feira (27), revela que, nos últimos dois anos, houve um aumento de 13,8% de pessoas em situação de extrema pobreza, chegando a 86 milhões.
Segundo a Cepal, este número representa um retrocesso de 27 anos de trabalhos para erradicação da pobreza na região, chegando ao sexto ano consecutivo de aumento nas taxas de pobreza e extrema pobreza, atingindo níveis iguais aos do final dos anos 2000.
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O levantamento apontou também que a quantidade de pessoas em situação de pobreza também aumentou, chegando a 201 milhões de pessoas. “Apesar da recuperação econômica vivida em 2021, os níveis de pobreza e extrema pobreza permaneceram acima dos registrados em 2019, o que reflete a continuidade da crise social”, diz trecho do relatório Panorama Social da América Latina.
Gêneros
O estudo revelou ainda o que já era esperado, mulheres foram as mais atingidas pela crise sanitária e o número de mulheres sem renda própria aumentou no ano de 2020, principalmente entre as mulheres negras e indígenas.
Ainda de acordo com o relatório da Cepal, a pobreza na América Latina teria sido pior em toda região se os governos não tivessem adotado medidas de transferência de renda para populações mais vulneráveis. Em 2020, foram quase U$ 90 bilhões em ações emergenciais, já no ano seguinte, essa quantidade caiu pela metade.
“A ‘recuperação’ econômica de 2021 não foi suficiente para mitigar os profundos efeitos sociais e do trabalho da pandemia, estreitamente vinculados à desigualdade de renda e gênero, à pobreza, à informalidade e à vulnerabilidade em que vive a população”, declarou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da Cepal, em entrevista coletiva.
Educação
O relatório informou também que a América Latina foi a região em que os estudantes ficaram o maior tempo sem aulas presenciais. Em média, a região registrou 56 semanas de interrupção escolar total ou parcial. “Esta situação tem como consequência a piora da situação das mulheres, que se sobrecarregam com as tarefas domésticas e relacionadas aos filhos e não conseguem buscar fontes de renda”, conclui Alícia.
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