Pesquisa inédita detecta microplásticos em placenta e cordão umbilical de grávidas

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O pesquisador acredita que a poluição marinha tenha grande contribuição, já que a população alagoana consome muitos peixes e frutos do mar, inclusive moluscos filtradores. Foto: Freepik

Os resultados de uma pesquisa realizada em Maceió (AL) encontrou microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês nascidos na capital alagoana. Este é o primeiro estudo do tipo realizado na América Latina e o segundo no mundo que conseguiu comprovar a presença dessas partículas em cordões. Os estudos foram publicados na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. Durante o levantamento, foram recolhidas e analisadas amostras em 10 gestantes, onde todas apresentaram contaminação por microplástico. Para identificar os componentes, os pesquisadores utilizaram a técnica de espectroscopia Micro-Raman, que é capaz de identificar a composição química de moléculas com grande precisão.

O pesquisador acredita que a poluição marinha tenha grande contribuição, já que a população alagoana consome muitos peixes e frutos do mar, inclusive moluscos filtradores – Foto: Freepik

A pesquisa aponta ainda que somente nos cordões umbilicais foram achadas 119 partículas de microplásticos, enquanto nas amostras das placentas tinham 110 partículas. O composto mais encontrado foi o polietileno, que é uma variedade de embalagens e até em brinquedos.

“A placenta é um grande filtro, veja a quantidade de coisas que existem no mundo e são prejudiciais, mas pouquíssimas passam a placenta. Então, quando os primeiros estudos encontraram os microplásticos na placenta, a gente achou que ela estivesse agindo como uma barreira, só que entre as participantes do nosso estudo, 8 em 10 tinham mais partículas no cordão umbilical do que na placenta, então eles passam em uma quantidade grande e estão indo para os bebês antes mesmo de nascerem. E esse é um retrato do fim da gestação. Durante os nove meses, quando passou”, destaca Alexandre Urban Borbely, líder do grupo de pesquisa em Saúde da Mulher e da Gestação na Universidade Federal de Alagoas 9UFAL ) e um dos autores da pesquisa.

Como os microplásticos estão presentes até mesmo no ar, não é possível determinar com precisão a fonte da contaminação, mas o pesquisador acredita que a poluição marinha tenha grande contribuição, já que a população alagoana consome muitos peixes e frutos do mar, inclusive moluscos filtradores. Outro ponto de origem importante é a água mineral envasada, que adquire as partículas de forma ainda mais acelerada quando os galões recebem luz solar.

A pesquisa agora vai ampliar a quantidade de amostras colhidas para 100 gestantes e buscar correlações entre a contaminação por microplásticos e complicações durante a gestação ou problemas de saúde identificados logo após o nascimento dos bebês.

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Rafael Rabello

Rafael Rabello

Natural de Salvador (BA) e estudante de Jornalismo pela faculdade Estácio de Sá. É um escritor baiano cristão, apaixonado por literatura e pela cultura, que acredita no poder da educação e comunicação para mudar o futuro da sua geração.

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