Direção de Rodrigo França e texto de Adalberto Neto
À margem de uma sociedade, em que está longe de ser prioridade, o homem negro busca ganhar sua vida na sombra cruel em que habita. O espetáculo “Oboró – Masculinidades Negras” retrata a realidade desse homem, com suas dificuldades, desafios e lutas.
Oboró é um termo que, em Yorubá, é usado para designar orixás do sexo masculino. Com direção de Rodrigo França e um elenco formado pelos atores Cridemar Aquino, Danrley Ferreira, Drayson Menezzes, Ernesto Xavier, Gabriel Gama, João Mabial, Jonathan Fontella, Luciano Vidigal, Marcelo Dias, Orlando Caldeira, Paulo Guidelly, Reinaldo Júnior, Sidney Santiago Kuanza e Wanderley Gomes, a peça, escrita por Adalberto Neto apresenta os conflitos de vida dos homens que eles interpretam. Cada personagem apresenta características de um, entre os orixás: Exu, Ogum, Oxóssi, Omolu, Xangô, Oxumaré, Osanyin, Logun Edé, Ibeji e Oxalá.
Entre os problemas apresentados, estão a hipersexualização do corpo negro, a busca pela perfeição em troca de um lugar ao sol e os riscos de habitar uma pele preta, entre outros. Nove situações traçam um paralelo da realidade desses homens da sociedade, permeadas por muita música e dança.
O ESPETÁCULO
A paciência de Exu é o ponto de intercessão com o engraxate Kinho, que sempre acreditou no sonho de morar numa casa própria com a família e só pôde realizá-lo depois de anos. A moradia, no entanto, veio com ao trabalho numa distribuidora de doces, oferecido por de Aldemiro, um policial guerreiro, como Ogum, que virou miliciano, mas acabou foragido na Argentina, dono de uma empresa que presta serviços de segurança. O ex-combatente Isaque, forte como Oxóssi, teve sérios problemas mentais, após trabalhar como torturador na época da ditadura. As loucuras de Isaque não dão sossego a sua família. As únicas pessoas com quem ele não se mete, entretanto, é com seus filhos Maicon e Marcelo. Os rapazes, assim como Omolu, sabem exatamente o dia e como o pai morrerá. E mesmo sem nunca ter falado com os filhos sobre o assunto, Isaque morre de medo do olhar do Maicon e do Marcelo.
Muito bonito e com um jeito de conquistador nato, como Xangô, o porteiro Valdo se sente culpado por ter que transar com o marido do morador do prédio em que trabalha, sob a ameaça de ter as suas fotos, dormindo na portaria, divulgadas para o chefe dos porteiros, o que pode render a ela uma demissão imediata. O marido traído, Frederico, trabalha com compra e venda de ações e, assim como a força de Oxumaré para manter o dinamismo da Terra, Frederico não sossega nem quando está dormindo. Sempre que está se sentindo muito pressionado, busca ajuda com Oswaldo, que aprendeu sobre medicina alternativa, com um de seus professores da faculdade de enfermagem. Oswaldo tem tanto domínio sobre essa técnica, que se utiliza de ervas medicinais, como Osanyin. Nilton, o professor de enfermagem de Oswaldo, não se entendia como negro, por ter a pele clara, mas descobriu, após um exame de DNA que sua família é de Benim, na África. Desde então, todo ano viaja para o país de seus ancestrais para tentar descobrir sobre sua história. Suas viagens em busca de entender mais sobre a própria identidade podem ser comparadas com as destemidas viagens de Logun Edé para caça de alimento para os seus. Foi graças a Deoclides, um bombeiro aposentado e historiador, que Nilton descobriu sobre o exame de ancestralidade genética. Batalhador como Oxalá, Deoclides é um sábio ancião, cheio de conhecimento sobre sua ancestralidade e que, assim como todos os outros oito homens negros, tem uma vida cheia de complexidades.
SINOPSE:
Espetáculo retrata a busca do homem negro para viver em meio a crueldade do local onde habita. Entre os problemas apresentados, estão a hipersexualização do corpo negro, a busca pela perfeição em troca de um lugar ao sol e os riscos de habitar uma pele preta.
FICHA TÉCNICA DO ESPETÁCULO OBORÓ – MASCULINIDADES NEGRAS
Elenco: Cridemar Aquino, Danrley Ferreira, Drayson Menezzes, Ernesto Xavier, Gabriel Gama, João Mabial, Jonathan Fontella, Luciano Vidigal, Marcelo Dias, Orlando Caldeira, Paulo Guidelly, Reinaldo Júnior, Sidney Santiago Kuanza e Wanderley Gomes
Texto: Adalberto Neto
Direção: Rodrigo França
Direção de Movimento: Valéria Monã
Assistente de Direção: Kennedy Lima
Cenário e Figurino: Wanderley Gomes
Trilha e Regência: Cesar LiRa
Músicos: Cesar LiRa, Lucas Timbaleiro e Natanael Mariano
Orientação de Arranjo Vocal: André Muato
Iluminação: Pedro Carneiro
Engenheiro de Áudio: Marcelo Moacir
Pesquisa: Fábio França e Valéria Monã
Designer e Audiovisual: Rafaela LiRa
Fotografia: Júlio Ricardo da Silva
Participações em Audiovisual: Ativista do Movimento Negro e Professor Doutorado Carlos Medeiros / Ativista do Movimento Negro e Professor Leonardo Peçanha
Direção de Produção: Fábio França e Mery Delmond Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa/ Duetto ComunicaçãoProdutores Associados: Adalberto Neto e Rodrigo França
Realização: Diverso Cultura e Desenvolvimento
Serviço:
TEATRO SESI CENTRO
Temporada: 14 de novembro a 15 de dezembro
Horário: quintas, sextas e sábados às 19h e domingos às 18h
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos
Valor: R$ 40,00 inteira / R$ 20,00 meia
Lotação: 338 lugares
Venda ingressos: Sympla
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