A presidente do programa da Organização das Nações Unidas (ONU) Unaids, Winnie Byanyima, alertou que os cortes da ajuda externa dos Estados Unidos, voltadas a programas de combate ao HIV, podem gerar uma pandemia do vírus e da Aids. Segundo ela, se nenhum outro país destinar ações para solucionar a lacuna deixada pelos EUA, as consequências podem resultar em 6,3 milhões de óbitos a mais nos próximos quatro anos.
No vídeo divulgado na rede social X, Byanyima afirmou aos jornalistas em Genebra que “veremos ela (Aids) voltar e veremos pessoas morrendo da maneira como as vimos nos anos 90 e nos anos 2000”.

Na mesma rede social, a presidente da Unaids publicou um vídeo em seu perfil oficial no dia 20/03, afirmando que as interrupções do financiamento dos EUA estão tendo um “impacto devastador” e que, se outros recursos não forem encontrados, haverão mais 8,7 milhões de pessoas infectadas pelo HIV e 6,3 milhões de mortes relacionadas a Aids nos próximos quatro anos.
Segundo ela, a pausa dos serviços de prevenção e tratamento do HIV levaram ao fechamento de clínicas e “interrompeu os esforços de prevenção e os sistemas comunitários”, que ameaçam décadas de luta para o fim da Aids.
O país norte-americano era o maior doador para o programa de HIV/Aids. No entanto, segundo a Unaids, no dia 20 de janeiro de 2025, Trump emitiu uma Ordem Executiva que ordenava o congelamento da ajuda externa por 90 dias, para revisar sua assistência, a fim de destiná-la aos países que estivessem alinhados com a política do país. No dia 27 de fevereiro, a Unaids recebeu uma carta do governo norte-americano informando que havia encerrado, de imediato, o acordo com a organização.
De acordo com a nota da Unaids, o Estados Unidos, há mais de duas décadas, auxiliava em diversas ações de combate ao HIV. Entre elas, o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids (PEPFAR), o Fundo Global de Combate à Aids e o apoio ao Unaids. A entidade reforçou que, desde a criação da PEPFAR em 2003, o programa salvou mais de 26 milhões de vidas, através de programas de prevenção, tratamento, cuidados e apoio em 55 países.
A organização reforçou que “continuará com os esforços para garantir que, durante a pausa em andamento, todas as pessoas que vivem ou são afetadas pelo HIV e que são diretamente afetadas continuem a acessar os serviços que salvam vidas. A UNAIDS continua comprometida em promover nossa colaboração para salvar vidas com o governo dos EUA. Estamos comprometidos em sustentar o impacto único e fundamental que salva vidas da liderança dos EUA na resposta global ao HIV” (tradução livre).
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