Na última sexta-feira (22), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), anunciou, oficialmente, a presença de fome “devastadora” em Gaza, uma situação sem precedentes na área. A Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), da ONU, possui 5 categorias de insegurança alimentar. A mais crítica, chamada fase cinco, indica extrema fome, e risco de colapso, em grande escala.
A executiva-chefe do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Cindy McCain, declarou neste domingo (24), que o mundo enfrenta a mais grave crise humanitária já testemunhada. Isso foi expresso em uma entrevista à emissora japonesa NHK, e repercutido pela Sputnik Brasil. Segundo McCain, a situação na Faixa de Gaza é “desastrosa”, em decorrência dos bloqueios e das ações militares israelenses, que dificultam a entrada de ajuda humanitária.

“A situação da desnutrição é alarmante. Já registramos mortes por fome na região. É extremamente complicado quando eles direcionam armas, tanques ou outros projetos contra nós. A assistência humanitária está sendo interrompida porque, de repente, uma estrada se torna intransitável. Não conseguimos avançar”, enfatizou McCain sobre a situação atual em Gaza.
A FAO projeta que até setembro, mais de 640 mil indivíduos estarão enfrentando esta situação. Dados do Ministério da Saúde palestino relatam que 281 pessoas já morreram, devido à desnutrição causada pelo bloqueio, incluindo 114 crianças. Especialistas alertam que essa cifra tende a aumentar, a menos que haja uma liberação imediata, e contínua, de recursos.
Entre 27 de julho e 20 de agosto, Israel permitiu a entrada de 2.187 caminhões com alimentos, em Gaza. No entanto, esse volume representa apenas 15% das necessidades básicas da população, conforme afirmam autoridades locais. Além do mais, itens essenciais como carne vermelha, peixe, ovos, frutas, vegetais, laticínios e suplementos, permanecem banidos, por decisão do Governo, liderado por Benjamin Netanyahu.
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Estimativas palestinas indicam que seriam necessários pelo menos 600 caminhões, diariamente, para atender as demandas mínimas de alimentos, medicamentos, combustível e outros produtos essenciais. Mesmo quando as caravanas conseguem acessar a região, uma parte considerável da ajuda é saqueada durante o percurso, frequentemente com a colaboração de militares israelenses, conforme denunciam autoridades locais.
Cindy McCain também destacou outras partes do mundo que enfrentam sérias ameaças à segurança alimentar, como Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e a região do Sahel. A diretora do PMA enfatizou que a situação global requer ações imediatas, e colaboração internacional, para evitar uma catástrofe ainda mais grave ao redor do mundo. Esta é considerada a pior crise humanitária enfrentada até os dias de hoje.
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