De acordo com IBGE, 55,5% da população é negra, mas ainda não encontramos representatividade nas câmaras legislativas. O ano de 2024 revelou o que nosso senso comum indicava: um verdadeiro desnível racial, quando o assunto são os vencedores nas eleições proporcionais. Dos 58237 vereadores eleitos em
2024, apenas 26669 se consideram negros. Para ser mais assertiva temos:
Homens Mulheres Pardos 18913 3717 Pretos 3417 622
Raio- X
Os candidatos brancos ainda continuam sendo a maioria entre os eleitos. Em todo país, tivemos 30699 vereadores autodeclarados brancos, 239 indígenas, 212 amarelos e 325 não souberam informar a sua cor/raça.
Agora, onde estão os negros eleitos como vereadores?
A região nordeste foi a que mais elegeu vereadoras pardas: 1902 (51,17%), seguida da região Sudeste 649 (17,46%). O norte do país registrou 612 (16,46%) vereadoras pardas, enquanto o Centro Oeste 383 (10,30%) e Sul apenas 171 (4,60%).
Com relação aos homens pardos eleitos vereadores, temos o seguinte cenário: Nordeste 8865 (46,87%);Sudeste 4499 (23,79%);Norte 2682 (14,18%);Centro Oeste 1868(9,88%) e Sul 999 (5,28%).
Vereadores Pretos
O Nordeste do país tem o maior registro de vereadoras pretas, 251 (40,35%); na sequência vem o Sudeste, com 178 eleitas que correspondem a 28,62%; o Norte tem apenas 84 vereadoras (13,50%); Sul 55 (15,99%) Centro Oeste 52 (8,36%).
Os vereadores pretos eleitos nas regiões do Brasil estão distribuídos na seguinte forma: Centro Oeste 309 (9,04%); Nordeste 1325 ( 38,78%); Sudeste 1122(32, 84%) Sul 288 (8,43%).
Em síntese, a presença do negro nas câmaras municipais ainda não dão conta da nossa urgência por diversidade. O espaço ainda é maior para homens negros do que para mulheres negras, como nos deparamos. Com a baixa representatividade de negros na vereança, aumenta a preocupação no que tange a formulação de políticas públicas para esse nicho.
Precisamos elencar o que os afasta desses cargos: falta de recursos como fundos partidários e eleitorais;
ausência de incentivo dentro dos partidos, receio da violência política e racismo durante a campanha. Esses são alguns dos motivos, mas certamente o racismo velado é um dos mais preocupantes.
Repare que são inúmeras perguntas: Como dar poder para um negro? Será que terá capacidade para nos representar? Negro tem capacidade para estar como vereador? Tem algum candidato negro aqui? Em
sã consciência e atento às leis que punem o racismo, alguns não verbalizam, mas tratam a temática com certo ar de desprezo ou invisibilidade.
Se chegou até aqui, acredito que seu antirracismo irá compartilhar esse material com outras pessoas e junto a ele, uma provocação: onde estão os vereadores negros da minha cidade?
Luciana Barros
Mestra em Ciência Política, Consultora em Financiamento eleitoral coletivo. Atua como mentora em dezenas de pré campanhas. Professora no Renova Br e na Escola de Políticos. Foi assessora na secretaria de direitos humanos da Niterói e coordenadora regional na Secretaria de integração metropolitana do Rio de Janeiro
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