Ondas de calor podem acelerar envelhecimento celular, aponta estudo com idosos nos EUA

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Efeitos das ondas de calor podem ser comparados aos efeitos da poluição, tabagismo e consumo excessivo de álcool

Recentes evidências científicas indicam que a exposição prolongada a ondas de calor extremo pode acelerar o envelhecimento biológico das pessoas. Um estudo publicado na revista Science Advances revelou que adultos mais velhos expostos com frequência a temperaturas elevadas mostram envelhecimento celular mais rápido (um fenômeno mensurado por meio de “relógios epigenéticos”, que analisam modificações químicas no DNA conhecidas como metilação).

Os relógios epigenéticos são marcadores moleculares que medem a idade biológica de um indivíduo, utilizando alterações na metilação do DNA como base para determinar o avanço do envelhecimento em relação à idade cronológica.

Em 2025, o Brasil registrou pelo menos cinco ondas de calor durante o verão, segundo a Climatempo. / Foto: Freepik

A pesquisa, conduzida por Eunyoung Choi e Jennifer Ailshire, da University of Southern California (USC), avaliou amostras de sangue de aproximadamente 3.600 norte-americanos com mais de 56 anos. Os participantes foram depois agrupados conforme os registros locais de calor extremo: aqueles que viveram em regiões com pelo menos 140 dias anuais com índice de calor acima de 32 °C apresentaram até 14 meses extras de envelhecimento biológico em relação aos que viviam em locais com menos de 10 dias semelhantes.

Esse impacto é comparável ao envelhecimento acelerado observado em fumantes ou consumidores excessivos de álcool. O estudo ainda ressalta que o calor desencadeia estresse fisiológico, inflamação e alterações na expressão genética, que afetam negativamente células e órgãos, especialmente em populações mais vulneráveis.

Pesquisas semelhantes realizadas na Alemanha e em Taiwan corroboram essas descobertas: foram observadas associações entre calor e envelhecimento celular acelerado em diferentes regiões e faixas etárias.

Embora o estudo seja observacional e estabeleça causalidade definitiva, os resultados são suficientes para destacar o calor extremo como um importante fator ambiental de risco, ao lado de outros amplamente reconhecidos, como tabagismo e poluição.

Cuidados durante as ondas de calor

Para se proteger durante ondas de calor, é essencial manter-se bem hidratado, preferindo água e evitando bebidas alcoólicas ou com cafeína. Usar roupas leves, de cores claras e tecidos respiráveis também ajuda a regular a temperatura do corpo. Sempre que possível, permaneça em ambientes frescos, com ventilação adequada ou climatização. Evite atividades físicas intensas nos horários mais quentes do dia (geralmente entre 10h e 16h) e, ao sair, utilize protetor solar, chapéus e óculos escuros. Idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas devem redobrar os cuidados, pois são mais vulneráveis aos efeitos do calor extremo.

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