A redação do Notícia Preta, localizada na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, acaba de receber uma obra exclusiva do artista visual Pandro Nobã. Cria da Penha, na Zona Norte carioca, Pandro começou sua trajetória com o grafite e hoje é reconhecido como um dos principais nomes da arte contemporânea no Brasil. Sua produção é marcada por espiritualidade, símbolos da cultura afro-brasileira e um compromisso estético com a identidade negra.
A convite da jornalista e diretora executiva do NP, Thais Bernardes, Pandro criou uma pintura que vai além da decoração: é proteção, manifesto e símbolo de continuidade.
“Esse trabalho foi de muita troca com a Thais Bernardes. Ela me deu toda a liberdade criativa. Me passou algumas palavras-chave e, a partir disso, pude criar com autonomia. Peguei a comunicação como eixo central, e trouxe Exu como representação disso, o Orixá da comunicação, que pra gente é um dos mais importantes. Também usei elementos que já fazem parte da minha produção: búzios e referências do cotidiano de terreiro, tudo o que nos conecta com o sagrado e com a nossa força ancestral“, explicou o artista.
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A proposta de Thais ao encomendar a obra ia além do que se vê com os olhos. “Toda empresa ou redação que visitamos sempre tem uma logomarca na parede, algo que a identifique. Eu não queria apenas uma logo. O NP é muito gigante e composto por muitos elementos. Precisava de algo que tivesse nossa essência, as cores da nossa identidade visual e que também funcionasse como proteção e amuleto da sorte. Foi aí que procurei o Pandro, que é meu amigo há muitos anos, e disse pra ele: ‘irmão, eu preciso de algo que tenha a essência do NP, a minha essência e que represente os nossos e a nossa ancestralidade’. Disse apenas isso e deixei o Pandro criar com todo seu talento, sua sensibilidade, intuição e axé”, contou a fundadora.
Mais do que um trabalho estético, a obra reafirma a força espiritual que sustenta o Notícia Preta — e esse elemento, segundo Thais Bernardes, não é negociável.
“A escolha do Pandro não foi só por ele ser meu amigo, mas principalmente por ele ser hoje um dos grandes artistas negros do Brasil que coloca fé e ancestralidade no que faz. O NP existe e resiste graças à força dos ancestrais. Nós somos a continuidade de muitos jornais negros que foram apagados e extintos por falta de apoio financeiro. Com o NP isso não vai acontecer, porque nós somos o sonho, e a realidade, dos nossos ancestrais. É com essa fé que mantenho o NP de pé e crescendo há seis anos. E eu precisava de um artista que expressasse essa força que também é sustentada pela nossa fé, explicou a jornalista.
