Número de favelas dobrou nos últimos 10 anos, segundo IBGE

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Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mostrou que o número de favelas no Brasil praticamente dobrou nos últimos dez anos. Em 2010, o país contava com 6.329 vilas e favelas e, no ano de 2019, foram contabilizadas 13.151 aglomerados.

O Alto Vera Cruz, zona Leste de BH, é o bairro com maior número de casos de Covid-19 na cidade – Foto: Gladyston Rodrigues EM DA Press

A quantidade de municípios que passaram a ter favelas também dobrou. Em 2010, eram 323 cidades, já em 2019, deu um salto para 734 localidades. Ao todo, as moradias nesses locais também aumentaram de 3,2 milhões para 5,1 milhões no período.

De acordo com o levantamento, um de cada quatro desses domicílios precários fica nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas, a proporção é bem maior em capitais como Belém (55,5% do total de residências), Manaus (53%) e Salvador (42%).

Para o ativista e fundador do Instituto Gerando Falcões, ONG voltada à promoção social de crianças e adolescentes, Edu Lyra, o Brasil está se tornando um país margeado por favelas. “O que não podemos é chegar numa situação de não reversão, embora isso não esteja distante”, afirma em entrevista à Folha de São Paulo.

Mesmo com a entrega de mais de cinco milhões de unidades habitacionais pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), entre os anos de 2009 e 2018, o número de favelas no Brasil ainda é crescente. Segundo um levantamento da Fundação João Pinheiro (FJP), o déficit habitacional no país, em 2019, era de 5,9 milhões de moradias.

Segundo Ana Maria Castelo, especialista em construção civil da Fundação Getulio Vargas, ressalta que a substituição do MCMV pelo programa do governo Jair Bolsonaro (sem partido) teve um impacto negativo nas entregas das unidades. Além disso, ela ressalta também que MCMV foi importante porque teve previsibilidade orçamentária, permitindo às construturas desenvolver métodos e tecnologias para massificar e baratear as construções.

“Daqui em diante, será muito difícil um programa semelhante ter recursos em volume suficiente para dar continuidade a uma redução sustentada do déficit habitacional”, afirma Castelo, também em entrevista à Folha.

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