Negros são maioria dos desempregados no Brasil; Mulheres seguem recebendo menores salários

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A taxa de desocupação dos pardos é cerca de 43% maior que a dos brancos.

A desigualdade entre negros e mulheres, em comparação com homens brancos é evidenciada nas pesquisas de ocupação no Brasil. Foto: Pixabay

Entre as pessoas que se declararam pretas e pardas, o desemprego avançou, de 13,5% e 12,6%, no quarto trimestre, para, respectivamente, 15,2% e 14%, enquanto o das brancas subiu de 8,7% para 9,8%. A diferença entre gênero também evidencia a desigualdade no País, a taxa de desocupação foi estimada em 10,4% para os homens e 14,5% para as mulheres. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última sexta-feira (16).

“A taxa de desocupação dos pardos é cerca de 43% maior que a dos brancos. As pessoas com autodeclaração de cor negra têm taxa de desocupação de 55,1% superior à das pessoas declaradas brancas”, ressaltou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Comparando dados de 2012 com os recentes de 2019 é possível identificar que o número de pardos e pretos, que juntos formam os negros, seguem como maioria sem emprego no País. O contingente dos desocupados no Brasil no 1º trimestre de 2012 era de 7,6 milhões de pessoas, quando os pardos representavam 48,9% dessa população, seguidos dos brancos (40,2%) e dos pretos (10,2%). No 1º trimestre de 2019, esse contingente subiu para 13,4 milhões de pessoas e a participação dos pardos passou a ser de 51,2%; a dos brancos diminuiu para 35,2% e a de pretos subiu para 12,7%.

Houve aumento de desemprego em todas as grandes regiões: Norte (de 11,7% para 13,1%), Nordeste (de 14,3% para 15,3%), Sudeste (de 12,1% para 13,2%), Sul (de 7,3% para 8,1%) e Centro-Oeste (de 8,5% para 10,8%). A região Nordeste permaneceu registrando a maior taxa de desocupação do Brasil.

O Brasil é um país que não planejou políticas de inclusão e reparação socioeconômica para os escravizados, mantendo as estruturas do racismo e o poder do patriarcado nas instituições e estrutura das comunidades. O resultado dessa desigualdade é notório nas pesquisas, quando pessoas com a mesma escolaridade, mas de etnias e gêneros diferentes recebem valores distintos.

Os homens obtiveram rendimento médio mensal 28,7% maior do que as mulheres em 2019, considerando os ganhos de todos os trabalhos. Enquanto eles receberam R$ 2.555, acima da média nacional (R$ 2.308), elas ganharam R$ 1.985, segundo o módulo Rendimento de Todas as Fontes, da PNAD Contínua, divulgado também neste mês de maio pelo IBGE.

O salário das pessoas brancas ficou na média de R$ 2.999, sendo maior do que pago para as pessoas que se declaram pardas cujo valor ficou em R$ 1.719. No entanto, entre os pretos o valor foi ainda mais baixo, ficando em R$ 1.673. Brancos tiveram rendimentos 29,9% superiores à média nacional, que ficou em R$ 2.308, enquanto os pardas e pretos receberam rendimentos 25,5% e 27,5%, respectivamente, inferiores à média nacional.

Em meio a pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, estima-se que haja aumento de desocupação nos próximos meses, sendo que as pessoas negras são as mais vulneráveis e suscetíveis ao desemprego, como é possível constatar nas pesquisas. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), entre 30 de março e 3 de abril, cerca de 16% dos funcionários das empresas associadas já foram demitido, com previsão de aumento para os próximos meses.

Sem o Ministério do Trabalho, extinto nos primeiros meses da gestão de Jair Bolsonaro, o Governo Federal precisará buscar maneiras de contornar a crise política e sanitária, para também pensar no fomento de postos de trabalho.

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