Negras e mulheres seguem como minorias em partidos políticos em 2024

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2024 foi o ano em que o Brasil teve mais candidatos negros eleitos prefeitos - Foto: Pexels

O cenário de desigualdade em relação a presença de candidatos negros e candidatas mulheres continua baixo, ainda mais quando comparadas à participação de pessoas brancas e do sexo masculino. Nas eleições municipais de 2024, realizadas no último domingo (06), esse cenário se manteve.

O Censo de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou que a população de pessoas negras representa 55,5% do total do país, enquanto os brancos ocupam uma parcela de 43,5%. Nestas eleições de 2024, 16 partidos ficaram muito aquém desses números percentuais.

Esse levantamento foi feito em primeira mão pelo ICL. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Partido Liberal (PL) foi a sigla que mais lançou candidaturas brancas – 56,9% das vagas foram direcionadas para candidatos brancos. Enquanto 42,9% dos candidatos eram pessoas declaradas negras, amarelos ou indígenas. Os 0,2% restantes representam candidatos sem informação étnica registrada.

Ao final do pleito eleitoral, 70,4% dos candidatos que o PL elegeu haviam se declarado brancos. Enquanto os não-brancos foram cerca de menos que 30% dos eleitos.

2024 foi o ano em que o Brasil teve mais candidatos negros eleitos prefeitos – Foto: Pexels.

Logos atrás do PL, os outros nove partidos que fecham o top 10 no ranking de candidaturas brancas são: Novo, Progressistas, MDB, PSDB, PSD, Podemos, União Brasil, Cidadania e Republicanos.

Por outro lado, os 10 partidos que mais apresentaram candidaturas não-brancas foram, em ordem: PCdoB, Avante, PMB, Rede, Solidariedade, PT, PV, Agir, Democracia Cristã e Mobilização Nacional.

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que direcionou 72% das suas candidaturas para negros, indígenas e amarelos, elegeu 70% dos candidatos destes grupos presentes em sua legenda.

Se o top 10 dos partidos que menos cederam candidaturas para pessoas negras, amarelas e indígenas era composto por siglas de direita, o cenário é semelhante quando se trata da ausência de mulheres. Entre os partidos com menos vagas destinadas à mulheres estão, em ordem: PL, PMN, Progressistas, PSD, MDB, Republicanos, PRD, DC, Avante e União Brasil.

UP, PCdoB, PSOL, PSTU e PV se destacaram entre os partidos com mais candidaturas destinadas para mulheres. O sexo feminino ocupou entre 39% e 54% das vagas oferecidas nestes partidos, que são de esquerda.

Dentre os citados acima, o PSOL foi o único que conseguiu eleger uma porcentagem de mulheres maior do que a taxa de candidaturas apresentada. O partido teve 40,48% das vagas destinadas para mulheres e elegeu 47,6% das candidaturas femininas.

Os partidos Agir, PMN e PRTB foram os destaques negativos em candidaturas femininas. As mulheres representaram apenas entre 12% e 13% das candidaturas vitoriosas.

O cenário se torna mais agravante ao levar para o contexto racial entre as mulheres. Ao todo 7.315 das 74.573 candidatas que se declararam brancas conseguiram se eleger, o que dá uma taxa percentual de 9,81%. Enquanto as mulheres pretas, que em total eram 83.492, conseguiram entrar em uma taxa de apenas 6,11% (5.106).

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