“É necessário um plano coordenado”, pontua Relatora Especial da ONU sobre racismo sistêmico no Brasil

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Em visita ao Brasil desde o início de agosto, a Relatora Especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, Ashwini K.P., compartilhou suas observações sobre o país nesta questão. Durante uma coletiva realizada nesta sexta-feira (16) a relatora fez recomendações urgentes para combater o racismo sistêmico que identificou no Brasil.

Apesar das autoridades estaduais e federais reconhecerem o racismo sistêmico, é necssário um plano coordenado para tratar dessas questões“, disse a relatora. Em sua avaliação Ashwini K.P também afirmou que apesar de reconhecer os esforços do governo brasileiro em mudar o cenaŕio atual, os passos ainda são muito lentos.

Ashwini K.P., Relatora Especial da ONU, durante a coletiva de imprensa em seu último dia no Brasil/ Foto: Tomaz Silva – Agência Brasil

O ritmo atual de mudança não parece corresponder à gravidade da situação sofrida por pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados. Existem lacunas significativas na implementação e alcance de leis e políticas, e o progresso em direção à justiça racial é muito lento“, disse.

O relatório completo será apresentado em junho de 2025, com observações e recomendações, para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mas em sua avaliação até o momento, a relatora celebrou a criação de iniciativas como o Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Povos Indígenas, e projetos como a Juventude Negra Viva.

Mas alertou para situações que estão acontecendo no Congresso, como por exemplo a PEC do aborto, e o Marco Temporal, lembrando dos recentes ataques a terras indígenas no centro do país, e a necessidade de promover a demarcação dessas terras.

Além de citar a importância de reforçar a legislação para essas questões, e de demandar mais esforços, inclusive financeiros para lidar com o racismo sistêmico, a relatora deu seu parecer temporário sobre o que analisou no país durante esse tempo.

Ficou extremamente evidente para mim, após minha visita, que as pessoas afrodescendentes, os povos indígenas, comunidades quilombolas, romani e pessoas pertencentes a outros grupos raciais e étnicos marginalizados no Brasil, incluindo aqueles que enfrentam discriminação interseccional com base em deficiência, gênero, status LGBTQIA+ e/ou ser pessoa migrante ou refugiada, continuam a experimentar formas multifacetadas, profundamente interconectadas e generalizadas de racismo sistêmico”, disse, em coletiva de imprensa.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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