Em visita ao Brasil desde o início de agosto, a Relatora Especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, Ashwini K.P., compartilhou suas observações sobre o país nesta questão. Durante uma coletiva realizada nesta sexta-feira (16) a relatora fez recomendações urgentes para combater o racismo sistêmico que identificou no Brasil.
“Apesar das autoridades estaduais e federais reconhecerem o racismo sistêmico, é necssário um plano coordenado para tratar dessas questões“, disse a relatora. Em sua avaliação Ashwini K.P também afirmou que apesar de reconhecer os esforços do governo brasileiro em mudar o cenaŕio atual, os passos ainda são muito lentos.
“O ritmo atual de mudança não parece corresponder à gravidade da situação sofrida por pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados. Existem lacunas significativas na implementação e alcance de leis e políticas, e o progresso em direção à justiça racial é muito lento“, disse.
O relatório completo será apresentado em junho de 2025, com observações e recomendações, para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mas em sua avaliação até o momento, a relatora celebrou a criação de iniciativas como o Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Povos Indígenas, e projetos como a Juventude Negra Viva.
Mas alertou para situações que estão acontecendo no Congresso, como por exemplo a PEC do aborto, e o Marco Temporal, lembrando dos recentes ataques a terras indígenas no centro do país, e a necessidade de promover a demarcação dessas terras.
Além de citar a importância de reforçar a legislação para essas questões, e de demandar mais esforços, inclusive financeiros para lidar com o racismo sistêmico, a relatora deu seu parecer temporário sobre o que analisou no país durante esse tempo.
“Ficou extremamente evidente para mim, após minha visita, que as pessoas afrodescendentes, os povos indígenas, comunidades quilombolas, romani e pessoas pertencentes a outros grupos raciais e étnicos marginalizados no Brasil, incluindo aqueles que enfrentam discriminação interseccional com base em deficiência, gênero, status LGBTQIA+ e/ou ser pessoa migrante ou refugiada, continuam a experimentar formas multifacetadas, profundamente interconectadas e generalizadas de racismo sistêmico”, disse, em coletiva de imprensa.
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