Natais não convencionais: especialista explica porquê algumas pessoas não passam o natal em família

Com a chegada do final de ano, os convites para a festividades que costumam reunir parentes e familiares, também chegam. O imaginário do Natal brasileiro é construido a partir de peça publicitárias que dão a noção de que essa reunião só é feliz se for passada com os parentes. No entanto, esses rituais são formas de reunir pessoas queridas, independende do laço de sangue, como os amigos.

Ao Notícia Preta, a psicóloga Luciana Soares explicou porquê algums pessoas acabam não passando natal em família. “A busca por relações e momentos de vivências mais significativas vêm ganhando corpo e assim vamos percebendo novas organizações de pessoas para a passagem dessas datas que anteriormente tínhamos como certo que passávamos entre aqueles com os quais dividimos DNA e/ou sobrenome“.

Grupos de amigos que se reúnem para as celebrações ou pessoas são convidadas a passarem com uma outra família. Foto: Freepik

Esse é o caso de Julia Aquino, estudante universitária de 27 anos. Ela resignificou a data depois do falecimento de sua mãe, em 2020. Por não ter contato frequente com resto da família, a estudante optou por passar com amigos.

Dependendo da casa que eu vá, eu me sinto bem acolhida, como se fossem todos minha família. Embora em alguns momentos, principalmente se tiver oração e o momento de abraçar todo mundo 00h, eu fico muito emotiva com sentimento de falta pela minha mãe. Então, é certo que role um choro de saudade, mas logo passa e a alegria toma conta“, conta a jovem.

Julia passará o natal desse ano com os amigos novamente /Foto: Arquivo pessoal.

Há quem passe o natal com amigos pela perda de um familiar, mas há outros fatores que levam as pessoas a buscarem outros ciclos nessa data. Em 2023, segundo o Anuário da Segurança Pública, houve um aumento de 87,9% em crimes de ódio contra a população LGBTQIAP+.

Luciana conta que essa população destaca o ambiente familiar como o principal ciclo em que vivenciam o preconceito e que a decisão de evitar eventos em família pode ser uma forma de se autopreservar. “Esses novos arranjos nem sempre dão conta de lidar com traumas ou desejos que as relações com as famílias de origem fossem diferentes, mas parecem trazer um respiro importante para a saúde mental de muitas pessoas“.

No fim, o que importa, nessa época do ano, é que as pessoas tenham um ambiente acolhedor para compartilha a alegria das festas de final de ano. “Se você é alguém que gosta de Natal, mesmo que nunca tenha passado com muita gente […], vale muito a pena passar com quem gosta da gente, com quem faz questão de nos chamar e ter a gente por perto, mesmo que não sejamos da família dela“, finaliza Julia.

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Lorena Cardoso

Lorena Cardoso

Comunicadora em formação pela UERJ, produtora cultural e cria do subúrbio carioca. Com uma trajetória marcada pela valorização das identidades periféricas, atua no Jornal Notícia Preta, onde desenvolve conteúdos voltados para o jornalismo antirracista e que dão voz a grupos históricamente silenciados.

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