O Brasil acaba de atingir um marco inédito na área da saúde: pela primeira vez, as mulheres são maioria entre os médicos em atividade, representando 50,9% dos profissionais em 2025. Os dados fazem parte do estudo Demografia Médica no Brasil 2025, divulgado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Apesar do avanço da presença feminina na profissão, o estudo aponta forte desigualdade regional na distribuição de médicos, especialmente no Norte do país, onde a densidade de profissionais é a menor do Brasil. Outro ponto crítico é a baixa representatividade de médicos negros, que seguem sub-representados na profissão.
O Brasil deve fechar 2025 com 635.706 médicos em atividade, o que representa 2,98 profissionais para cada mil habitantes. Esse número é superior ao de países como Estados Unidos e Coreia do Sul, mas ainda está abaixo da média da OCDE, que é de 3,70 médicos por mil habitantes.
O estudo também projeta que, mantido o ritmo atual, o país pode ultrapassar 1,15 milhão de médicos até 2035, atingindo uma média de 5,2 médicos por mil habitantes. No entanto, os autores do levantamento alertam que o crescimento não tem corrigido a desigualdade histórica entre as regiões brasileiras.

Norte tem os piores indicadores
A região Norte apresenta a menor densidade médica fora das capitais: apenas 0,75 médicos por mil habitantes, com estados como Roraima (0,13) e Amazonas (0,20) em situação crítica. Já no Distrito Federal, a taxa é de 11,83 médicos por mil habitantes, evidenciando o contraste regional.
Confira a média fora das capitais por região:
- Sudeste: 2,64
- Sul: 2,35
- Centro-Oeste: 1,58
- Nordeste: 0,95
- Norte: 0,75
Em todos os estados, a presença de médicos é significativamente maior nas capitais do que nas cidades do interior, aprofundando a dificuldade de acesso à saúde nas áreas periféricas e rurais, segundo dados da pesquisa ‘Demografia Médica no Brasil 2025 – Ministério da Saúde e FMUSP‘.
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Médicos negros ainda são minoria
Mesmo com o avanço das médicas mulheres, a representação racial segue desigual na medicina brasileira. De acordo com o Censo Demográfico 2022 do Conselho Federal de Medicina (CFM), apenas 24% dos médicos se autodeclaram pretos ou pardos, enquanto 66% se identificam como brancos.
Isso revela um descompasso entre a composição racial da população brasileira — 56% se declaram negros (pretos e pardos), segundo o IBGE — e os que conseguem ocupar os espaços mais valorizados da saúde, como a medicina.
Além da barreira econômica, o racismo estrutural se manifesta no acesso desigual à educação de qualidade e na permanência nos cursos de medicina, que exigem alta dedicação e recursos financeiros.