No Brasil, nos últimos 20 anos, 2.488 mulheres foram resgatadas do trabalho análogo à escravidão. O perfil da maioria delas é bem parecido: nascidas no Norte ou no Nordeste, pretas ou pardas, analfabetas ou com o ensino básico incompleto.
Os dados são da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), órgão que integra o Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) e foram compilados pelo portal G1.
Apenas 5% do total de pessoas resgatadas nas últimas duas décadas são mulheres. Segundo autoridades, essa diferença se dá, em parte, porque a atuação do Detrae sobre atividades historicamente ligadas ao gênero feminino é recente.
Em 2017 e 2019 ocorreram os primeiros resgates no trabalho doméstico e no mercado do sexo, é o que revela os dados.
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O Detrae também compilou dados sobre as atividades desenvolvidas pelas resgatadas e as funções desempenhadas na zona rural são as que mais concentram casos. Mais de 70% dos casos são relacionados às seguintes ocupações:
- Agropecuária (1.234)
- Cultivo de café (175)
- Cultivo de cana-de-açúcar (138)
- Pecuária de corte (118)
- Cultivo de árvores frutíferas (18)
- Cultivo de erva-mate (15)
Segundo a auditora-fiscal do trabalho Jamile Virginio, a diferença numérica nos resgates de homens e mulheres é tema frequentemente discutido entre inspetores do trabalho. Ela aponta que papeis sociais tradicionalmente ligados a homens e mulheres podem ajudar a entender o cenário.
“A dinâmica da sociedade brasileira é essencialmente de cunho patriarcal, que enxerga o homem como provedor familiar e cobra para que busque alternativas de renda e emprego”, diz a fiscal.
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