Mulheres negras têm duas vezes mais chances de serem vítimas de feminicídio, aponta estudo

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Uma pesquisa sobre ‘Chacinas e a Politização das Mortes no Brasil’, mostrou que o risco de uma mulher negra ser vítima de feminicídio e homicídio, é duas vezes maior do que o de uma mulher não negra. Em 2021, o levantamento realizado pela Fundação Perseu Abramo em parceria com a organização Iniciativa Negra, revelou que 2.601 mulheres negras foram vítimas de homicídio.

A quantidade representa 67,4% das mulheres assassinadas no período, e corresponde a uma taxa de 4,3 mulheres negras mortas por 100 mil. Esse percentual é quase 45% maior do que o registrado para mulheres não negras, que foi de 2,4 a cada 100 mil.

o risco de uma mulher negra ser vítima de feminicídio e homicídio é duas vezes maior do que o de uma mulher não negra /Foto: Reprodução/ Marcos Santos/ USP

Segundo Juliana Farias, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a lógica que pauta as chacinas está atrelada ao racismo e à misoginia.

Discutir violência letal no Brasil é uma tarefa que precisa ser realizada considerando raça e gênero, necessariamente. Sem perder de vista que os homens, jovens negros, são os maiores alvos dessa violência armada, precisamos enxergar as especificidades de casos nos quais o maior número de vítimas eram mulheres, como parte dos casos que analisamos nessa pesquisa”, avalia sobre o levantamento. 

Com base nos dados dessa análise, a maioria das mortes ocorreu em abordagens policiais, operações policiais e em atuação de grupos de extermínio e milícias. Além disso, foram noticiados 42 casos de chacina com motivação de feminicídio. Em relação a chacinas com outras motivações, foram 405 mulheres vitimadas no período de dez anos, entre 2011 e 2020.

De acordo com Juliana Borges, coordenadora de advocacy da Iniciativa Negra, essa temática precisa ser tratada com urgência na sociedade, e é necessário várias análises sobre essa problemática para entender as disputas e as narrativas intrínsecas entre gênero, racismo e conservadorismo.

Precisamos entender melhor essas intersecções para podermos identificar comportamentos misóginos da sociedade e, com base nesses dados, aprofundar as discussões sobre o fenômeno da violência no Brasil — violência esta que coloca meninas e mulheres como um alvo a ser combatido”, afirma. 

Leia também: Dois terços das mulheres assassinadas com armas de fogo são negras

A pesquisa sobre Chacinas e a Politização das Mortes no Brasil começou a ser desenvolvida desde 2018, com foco sobre as ocorrências de chacinas, que aparecem nos inquéritos policiais e nos processos judiciais como homicídios múltiplos com três ou mais vítimas. Dessa forma, as análises foram feitas com base nas matérias e noticiários publicados na imprensa, no período de 2011 a 2022, sobre os casos de chacinas. 

Vale ressaltar que o crime de feminicídio é definido como violência contra a mulher pela condição do sexo feminino e quando há evidências de violência doméstica, familiar, menosprezo e discriminação à condição de mulher. O crime consta no Código Penal de 2015, sancionado pela então presidenta da República, Dilma Rousseff.

Aline Rocha

Aline Rocha

Aline Rocha é Graduada em Licenciatura em Linguagens e Códigos- Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Maranhão. Pós-Graduada em Linguagens, Suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho pela Universidade Federal do Piauí. É integrante do grupo de pesquisas: GEPEFop LAPESB- Laboratório de pesquisa Pierre Bourdieu: Análise sobre a prática pedagógica.Atuou como bolsista no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na qual ministrou aulas de Língua Portuguesa nas turmas do 6º ano e 9º ano, tanto na modalidade regular como na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Entre 2018 a 2020. Atuou como bolsista Capes no Programa Residência Pedagógica, em que ministrou aulas de Língua Portuguesa nas turmas do 9º ano, 1º ano e 3º ano do Ensino Médio, entre 2020 a 2022. Atuou como monitora voluntária na disciplina de Linguística Textual, na turma 2018, do curso de Linguagens e Códigos-Língua portuguesa, na Universidade Federal do Maranhão. Atualmente é Professora da Educação Básica e pesquisadora Antirracista.

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