Fechamento de creches e escolas obriga trabalhadoras a deixar emprego para cuidar dos filhos
Por Dami Cerqueira
Com a pandemia muitas coisas mudaram. Porém, para muitas pessoas o período pandêmico que estamos atravessando só agravou ainda o cenário de desigualdade. De acordo com a pesquisa “Mercado de Trabalho e Pandemia da Covid-19: Ampliação de Desigualdades já Existentes?”, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em julho, a taxa de participação de mulheres com filhos de até 10 anos no mercado de trabalho caiu para 50,6% no segundo trimestre de 2020. Sendo que, os grupos com maiores chances de perder o emprego no início da crise são as mulheres e os jovens, cerca de 20%.
A participação média de mulheres no mercado de trabalho, de modo geral, ficou em 46,3% entre abril e junho de 2020. Esse numero representa o percentual de mulheres que estão trabalhando ou procurando emprego, dividido pela participação total de profissionais no mercado com 14 anos ou mais. A proporção de pretos e pardos (negros) que perdem o emprego encontra-se sempre acima da média e chega a alcançar 18%.
Para Marcos Hecksher, pesquisador do instituto, estudo aponta um salto para trás na história do mercado de trabalho, uma vez que o último resultado da participação de mulheres abaixo de 50% foi em 1990.
Estudo destaca ainda que a cor também é levada em consideração na hora da demissão. A proporção de pretos e pardos que perdem o emprego encontra-se sempre acima da média e alcançou 18%, atingindo uma alta de 5% em relação aos brancos.
Houve queda também no número de homens no mercado de trabalho. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, o percentual de desemprego do segundo trimestre deste ano foi de 12% para homens e de 14,9% para mulheres. Em agosto, o numero de desemprego continua a crescer.
Ainda de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) , em agosto, o desemprego continuou a crescer, e atingiu a marca de 12,9 milhões de brasileiros.
Mães de crianças especiais e o mercado de trabalho
Mãe solo de um menino autista, a tatuadora baiana Tayane Souza, 33 anos, relata que com a pandemia que ocasionou o fechamento da escola onde seu filho Rudá, 6 anos estudava – no período da manhã – ela passou a pagar diárias para uma babá cuidar do seu filho.
“Enquanto o Rudá estava na escola, eu trabalhava. Pois como sou tatuadora e só trabalho com hora marcada, dava pra conciliar. Mas com a pandemia ficou bastante complicado. Quando aparece algum cliente, para não perder dinheiro preciso pagar uma pessoa para ficar com ele“, disse ela, que ainda destacou a dificuldade para encontrar uma pessoa apta para cuidar de uma criança atípica e que carece de atenção especial.
O relato de Tayane traduz centenas de outras histórias de mães de crianças atípicas, que como ela precisaram se reinventar parar se adequar as novas condições que a pandemia trouxe. Em uma postagem nas redes sociais a tatuadora também falou sobre a rotina antes da pandemia e o processo de ser uma mãe solo,