O Odara – Instituto da Mulher Negra lançou o relatório “E eu não sou uma mulher”: Eleição de mulheres, fraudes raciais e racismo contra candidatas negras no Nordeste em 2022. Com dados levantados entres os meses de novembro e dezembro de 2022, o relatório traz informações sobre os resultados das eleições na Região Nordeste.
Das 90 parlamentares eleitas na região Nordeste, 36 se autodeclaram negras (30 pardas e 6 pretas). Entre as autodeclaradas “pardas”, 10 já se declararam “brancas” anteriormente; das 6 autodeclaradas “pretas”, 1 se declarou parda anteriormente e 1 já se declarou branca; ou seja, do total de parlamentares autodeclaradas negras, 30,56% já se consideram brancas em eleições anteriores.
Além do fator de mudança na autodeclaração racial, um quantitativo considerável está em condição de explícita discrepância entre a autodeclaração e o fenótipo. Das 30 autodeclaradas pardas, apenas 4 ou 5 apresentam um fenótipo pardo sem absurda discrepância.
Diferenças de gênero
Segundo o relatório, a cada 6 homens brancos que se candidataram, 1 foi eleito; a cada 14 mulheres brancas, 1 foi eleita; a cada 16 homens negros, 1 foi eleito; e a cada 42 mulheres negras, 1 foi eleita. Número que revela a desvantagem e preterimento das mulheres negras no processo eleitoral.
O estudo traz número de votos, colocação da/os candidata/os, autodeclaração racial e valores financiamento de campanha, com objetivo de analisar como as relações raciais e de gênero influenciam no resultado das eleições.
Produzido através do Projeto Pretas no Poder: Participação Política, Representatividade e Segurança de Ativistas Negras, com apoio da Open Society Foundation, o relatório tem por objetivo fortalecer a representatividade através da participação política de mulheres negras candidatas, parlamentares e defensoras de Direitos Humanos no Nordeste brasileiro, sobretudo trans, lésbicas e bissexuais.
O arquivo está disponível para leitura e download no site do Instituto Odara.
Financiamento de campanha
Entre as deputadas estaduais eleitas no Nordeste, 15 das 61 declararam orçamento total maior de R$ 1 milhão de reais; e apenas 5 delas se autodeclararam negras. 80% das candidatas entre os maiores orçamentos declarados são filiadas a partidos de direita; 20% são filiadas a partidos de esquerda. 10 delas receberam aportes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) que contemplaram mais de 95% de seus orçamentos de campanha.
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Os partidos de direita repassaram R$ 25.988.787,59 do FEFC para as 27 deputadas estaduais eleitas no Nordeste; os partidos de esquerda repassaram R$ 9.551.639,42 do FEFC para as 25 deputadas eleitas; os partidos de centro destinaram R$ 2.135.751,40 do FEFC para as 9 eleitas ao referido cargo.
Ativistas negras eleitas
No que tange às mulheres negras ativistas na corrida eleitoral de 2022 no Nordeste, os estados da Bahia e de Pernambuco se destacam por apresentarem maior número de candidaturas, além de estarem entre os três estados que elegeram mulheres negras ativistas, todas para o cargo de deputada estadual. Não foram eleitas mulheres negras ativistas para o cargo de deputadas federais no Nordeste, no entanto, três candidatas tiveram votação expressiva em seus estados.
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