“É muito difícil ter capitalismo sem racismo”, diz Sara Lomax, CEO de rádio antirracista dos EUA

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“É muito difícil ter capitalismo sem racismo”. A observação é da jornalista Sara Lomax, CEO da WURD, a única rádio antirracista da Filadélfia, Pensilvânia. Em passagem pelo Brasil, a empresária me recebeu, Thayan Mina, no hotel em que estava hospedada em Ipanema, no Rio, e concedeu uma entrevista exclusiva ao Notícia Preta. Na ocasião, a jornalista contou sobre sua rádio e a luta antirracista da mídia negra nos Estados Unidos (EUA), além de falar sobre capitalismo e representatividade.

A empresária veio ao Brasil a convite de uma parceria entre o Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que promoveram um curso que contou com intercambio entre os veículos brasileiros e americanos da imprensa negra.

Sara acredita que existe um sistema de castas nos EUA e os negros estão na base. Segundo ela, que afirma que a classe trabalhadora e todo o sistema é baseado na desigualdade, um sistema hierárquico que carece de cuidados de saúde, educação pública, acesso político, de acesso a empréstimos, a dinheiro e investimento.

Os jornalistas Thayan Mina, Marcelle Chagas, Jéssica Moreira e Sara Lomax – Foto: Arquivo Pessoal.

Mas para ela não há contradição em haver capitalistas negros numa sociedade capitalista, apesar de entender que as desigualdades são parte do sistema.

“Se o capitalismo negro replica a mesma desigualdade e injustiça injusta, então, falhamos, precisamos de riqueza para apoiar as instituições, as causas e a população negra, mas não queremos um sistema que tenha oprimidos como somos. E, infelizmente, isso faz parte da condição humana. Não importa se você é branco ou negro, há lugares ao redor do mundo onde tudo é negro e eles são gananciosos, exploradores e tirando vantagem das pessoas”, explicou.

Sara apoia que haja nos EUA um sistema de saúde universal e educação universal. “Tem muita coisa básica que a gente não tem e é tudo baseado em dinheiro. E poder e ganância. E então eu não acho. Eu acho que se esse mesmo sistema tem uma face negra é tão ruim quanto”, disse.

De acordo com ela, os EUA tem apenas 4 rádios que fazem parte da Imprensa Negra americana, e a WURD é a única da Filadélfia. A rádio de Sara conta com 25 funcionários, promove shows e eventos na comunidade.

“A Filadélfia é uma cidade predominantemente negra. Nos EUA, não existem mais tantas cidades predominantemente negras. Estamos sempre conversando com nossos ouvintes, com as pessoas que são audiência e nós também”, disse.

Sara Lomax, CEO da WURD, rádio antirracista da Filadélfia, Pensilvânia, EUA /Foto: Zamani Feelings/Divulgação.

A empresária explica que a rádio cumpre a função de interligar políticos e a audiência. A empresa sempre tenta levar as cobranças dos cidadãos, e trabalham sobre o slogan “audiência em primeiro lugar”, buscando sempre atender as necessidades dos ouvintes.

“O que eles querem conversar? Trazemos tópicos e depois perguntamos à comunidade, ao público, o que eles querem saber? Quais são os seus interesses? Quais são as suas preocupações? Falamos de saúde, justiça criminal, pobreza, oportunidades econômicas, cultura e política. Queremos que nosso público acesse as melhores notícias”, explicou.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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