Mudanças da Meta na moderação de conteúdo acompanha abandono de regras de proteção à comunidade LGBTQIA+

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A Meta, empresa de Mark Zuckerberg, anunciou mudanças significativas em suas políticas de moderação de conteúdo, gerando preocupações sobre o impacto na segurança da comunidade LGBTQIA+. A flexibilização das regras permitirá, entre outras alterações, que usuários publiquem alegações de que pessoas gays e transgêneros possuem doenças mentais – algo anteriormente proibido nas plataformas da empresa, como Facebook, Instagram e Threads.

As alterações, anunciadas nesta terça-feira (07), foram detalhadas em um blog post por Joel Kaplan, diretor de assuntos globais da Meta e Ex-Vice-chefe de Gabinete da Casa Branca, e reforçadas por um vídeo de Zuckerberg. Segundo Kaplan, as mudanças buscam alinhar as plataformas da empresa a “discussões mais amplas” em curso, abordando temas como imigração, identidade de gênero e direitos civis. No entanto, grupos de defesa dos direitos humanos e organizações como Human Rights Campaign e GLAAD criticaram duramente a decisão, alertando para o risco de amplificação de discursos de ódio e discriminação.

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Joel Kaplan trabalhou na Casa Branca durante o governo do ex-presidente estadunidense George Bush (2001-2009) – Foto: Reprodução/Facebook

Nós permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”, afirma as novas regras. Com a repercussão, a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) protocolou uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a Meta, após as mudança anunciadas.

Flexibilização amplia espaço para discursos discriminatórios

A Meta afirma que as alterações visam promover debates políticos e religiosos mais amplos, evitando remoções excessivas de conteúdos legítimos. No entanto, a flexibilização das diretrizes permite discursos antes classificados como discriminatórios, sob o pretexto de serem parte de debates sociopolíticos. Além das alegações que associam pessoas LGBT a doenças mentais, a empresa agora admite discussões sobre restrições baseadas em gênero em serviços de saúde, banheiros e outros espaços segregados.

Mark Zuckerberg destacou em vídeo que a mudança faz parte de uma revisão mais ampla da política de moderação de conteúdo, que também inclui temas como imigração e identidade de gênero.

Foto: Pexels

Notas da comunidade como alternativa

Outra mudança importante é a substituição do sistema de checagem de fatos tradicional pelas chamadas “notas da comunidade”. Inspirado no modelo da plataforma X (antigo Twitter), de Elon Musk, o novo recurso permitirá que os próprios usuários adicionem informações contextuais às postagens. A Meta defende que essa estratégia promove um ambiente mais transparente e participativo, mas críticos temem que ela seja insuficiente para combater informações enganosas e proteger grupos vulneráveis.

Com as mudanças, a Meta abandona proteções que antes restringiam conteúdos prejudiciais, marcando um distanciamento das diretrizes que garantiam maior segurança à comunidade LGBT. Ao mesmo tempo, a empresa enfatiza que continuará ajustando suas regras para atender às legislações locais e aos debates globais sobre liberdade de expressão.

Leia também: Seguindo passos de Musk, Meta adotará “notas da comunidade” no lugar de sistema de checagem de fatos

Emive Ferreira

Emive Ferreira

Estudante de jornalismo de 20 anos, criado na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, apaixonado por esportes e hip hop.

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